sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Reveillon e Agradecimentos.

2010 acabou.
Ano horrível.
Achei que nunca fosse acabar.
Sofri.
Chorei.
Dei risada.
Me machuquei feio e machuquei alguém também.
Agradeço aos amigos que fiz e as lições que aprendi.
Agradeço a cada murro em ponta de faca que dei.
A cada cabeçada em poste que dei.
A cada soco em espelho trincado fazendo o sangue escorrer.
Não digo que fico grato pelos cortes do estilete sem cabo.
Mas digo que fiz o possível e impossível para não me cortar ou sair sangrando.
Afirmo que falhei miseravelmente nos dois atos.
Esse texto não serve para ser triste, muito menos sangrento.
Ele não tem a beleza brutal que normalmente recheia meus textos.
Ele só diz respeito a como foi meu ano de 2010.
Ao som de Whisky a Go Go, eu vejo você.
E tudo o que fiz.
Nos fogos, a lágrima escorre.
Uma única lágrima.
Aquela que terminar de limpar tudo saca?
Hoje, não mais chorar.
Não quero mais lágrimas por histórias que não tiveram seu final feliz.
Só por hoje, e todo sempre, não mais chorar.
O que começou dia 16 de Julho de 2009 acabou hoje, 01 de Janeiro de 2011
Hoje falamos Feliz Ano Novo, só que eu falo, Dessa Vez do Início. E que esse ano seja bom. Para todos.

Um copo de vodka e lembranças.
Derramamento de sangue e um gole.
Saca?
A bebida e lágrimas limpam uma alma?
Não sei.
A única coisa que sei sobre bebidas é que elas dificultam a cicatrização.
Alguns dizem que faz esquecer.
Mas eu nunca esqueci nada bebendo.
Não sei de mais nada mesmo.
O efeito do quinto copo de vodka pura está batendo.

Agradecimentos.
É nisso que esse texto se resume.
Aos amigos: Pablo, Duh, May, Cah, Vicky e Seani. Nunca vou poder descrever e agradecer por tudo o que vocês já fizeram por mim. Um abraço, um sorriso, um tapa na cara. Isso tudo fez eu ser o que eu sou agora e sair de onde eu estava.
A família, por me aguentar em momentos que enlouqueci.
E, como não poderia deixar de ser, agradecimentos aos meus personagens, que me fizeram sair da minha realidade distorcida e tentar viver na deles, me inspirar um pouco neles.
Ah sim, muito obrigado.. Alice.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Forrest, Sangue e a Criança.

Hey você!
É, você mesmo que está aí do outro lado do espelho.
Está vendo isso aqui escorrendo?
É, essa coisa vermelha.
É sangue.
O sangue que você fez escorrer.
O sangue que você deixou escorrer.

Por que você deixou escorrer?
Porque você queria se sentir humano.
Você detesta esse gosto.
Esse cheiro de sangue.
Mas mesmo assim você quer vê-lo.

Depois de terem jogando tantas vezes na sua cara que você não era 'humano', você quer sentir na pele os cortes, as dores.
Depois de falarem que você não sente nada, você quer experimentar o que é a dor, o aperto, a saudade.
E você já viu tudo isso.
Você já sentiu tudo isso.
Mas quer ver tudo de novo não é mesmo?

Lembra a criança?
Então.
Ela quer achar aquela pessoa que a jogue para cima.
Que a faça gargalhar.
Só isso.
Acho que não pode ser assim tão impossível não é?

Hey Forrest.
Que tal correr hoje?
Correr e contar mais uma de suas histórias?
Você não cansa de contá-las né?
Contar que está bem.
Contar que passou.
Contar que não precisa de ninguém.
É Forrest.
Corra.

E esse sangue que não para de escorrer?
Vai deixar escorrer até quando?
Até morrer?
É, eu sei.
Você só quer deixar escorrer pra limpar.
Limpar.
Ver se todas as dores, enfim, tudo, escorre junto. Sai junto com o sangue.
Eu sei, você não aguenta mais ver essa coisa vermelha escorrendo pelo seu braço, mas eu também sei que você não vai estancar.
Você vai deixar sangrar.
Vai deixar escorrer até a hora que sentir a tontura.

Então, deixa escorrer.
Quem sabe assim você não fique limpo de todo o veneno que colocaram em você?

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Remar. Re-mar. Amar

Remar. Re-mar. Amar.

Nunca vi lógica nenhuma nessa frase.
Sério mesmo.
No duro.

Eu remo, remo, remo.
E não chego em lugar algum.
Vou acabar morrendo na praia de novo.

Remar. Re-mar. Amar.

Seria mais
Remar. Re-mar. Mar. Náufrago.

Ok.
Sem essa de repetição.
Afinal, a repetição me enche o saco.

Remar. Re-mar. Amar.

Isso realmente é chato.

É tão clichê saca?

'Reme comigo que eu te ajudo a não afundar.'

Saca?   
Uma hora ou outra a outra pessoa vai se cansar de remar.
E aí, você vai remar sozinho?
Vai conduzir, sozinho, um barco que deveria ser conduzido por duas pessoas?
Vai, eu sei que vai.
Gostamos de fazer isso.
Levar as coisas nas costas.
Levar esses barcos nas costas.
Queremos ver quanto tempo seu companheiro demora pra vir te ajudar, isso SE ele vier te ajudar.

Remar. Re-mar. Amar.

Isso chega a ser sádico sabia?

Remar. Re-mar. Amar.
Puta frase besta.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Infância e Seus Sorrisos. Ai, como invejo.

Lembra de quando você era criança e tudo era mais fácil?
Lembra de quando você era criança e o seu único problema era que o seu desenho favorito tinha acabado?
Lembra da quando você era criança e que era tão fácil arrancar um sorriso do seu rosto?
Bastava alguém te dar um doce, te jogar pro alto, ou te mostrarem mais um episódio de seu desenho favorito.
Era tão fácil né?

Hoje o que te sobra?
Um coração em pedaços.
Uma dificuldade em sorrir verdadeiramente.
Sabe por que?
Pelo simples fato de não ter quem te jogue pro alto mais.
Não tem mais aquela pessoa que te de um doce.
Você já não se interessa mais por desenhos.
O colorido deles não te satisfaz mais.
Pra isso você descobriu o Benflogin.

O que aconteceu com aquela criança então?
Alegre.
Cheia de vida.
Que corria, cantava, pulava?
Cade aquela criança tão cheia de curiosidades?
Cheia de perguntas?
Cade aquela energia?

Calma.
Temos a resposta para todas essas perguntas.

A criança cresceu.
Descobriu o mundo.
Não todo ele, mas o que lhe foi mostrado, lhe assustou.
Ela descobriu as dores que não passam.
As dores de um coração partido.
As dores da falta.
As dores de uma saudade.
Antes, ela corria atrás de pipas e balões.
Hoje ela corre.
Corre sem ver nada.
O lugar em que ela se enfiou enquanto corria é escuro.
As curiosidades.
Essas não acabaram.
A criança continua querendo saber de tudo.
Mas as perguntas hoje são outras.
Antes, você queria saber porque o céu é azul, porque você não pode brincar só mais um pouco.
Hoje você quer saber porque a dor não passa.
É, você cresceu.
Isso não significa que seja bom.
Muito menos que seja ruim.
Mas, como um todo, não é lá uma coisa muito agradável.

Lembra como era fácil ser feliz?
É, hoje, quando você acorda e vê onde está, descobre que, na verdade, não é tão simples assim né?
Lembro que antes eu ria quando me pegavam pela barriga, me viravam no ar e faziam eu bater o pézinho no teto da casa da minha vó.
Lembro que eu gargalhava.
Felicidade verdadeira.
Não lembro mais quando foi a última vez que fiz isso.
Gargalhar de verdade saca?

Sei lá.
Era tão mais fácil ser criança.

Ursinho Ted. Tédio.

Tédio.
Domingo.
Chuva.
Fim de ano.
Tédio.

Sentado.
Televisão.
Alienação.
Tédio.

Música.
Msn.
Sofá.
Tédio.

Uma xícara de café amargo.
Um prato de alguma coisa pra forrar o estômago.
Restos do fatídico Natal.
Tédio.
Puro tédio.

Dostoiévski.
Mark Twain.
Kafka.
Companheiros nessa tarde?
Talvez.
Um dos três encherá minha cabeça hoje.

Tédio.
Puro tédio.

Cabeça vazia.
Acho que isso é efeito da Televisão.
O que está passando agora?
Algo sobre a Hebe?
Não sei.
Talvez.
Eu sei que está pra passar a história do Didi.
Viu.
Tédio.

Ar modorrento.
Ar pesado.
Cansado.
Isso é fruto da minha imaginação claro.
Acabou de chover.
Mas, o Tédio me deixa meio morto. Sei lá.

Tchau Ursinho Ted. Tchau Ted. Tchau Tédio.

*um post atrasado*

sábado, 25 de dezembro de 2010

Hyde, Jeckyll e A Voz. Uma conversa no buraco.

Jeckyll: Hyde? Cade você?
Hyde: Estou aqui Jeckyll.
Jeckyll: Mas onde é aqui Hyde?
Hyde: É o buraco sua besta.
Jeckyll: Mas cade ELE Hyde?
Hyde: Não sei, está bem escuro por aqui.
Eu estou aqui. Não consigo sair daqui tanto quanto vocês também não conseguem. - disse a voz.
Jeckyll e Hyde dizem em uníssono: Ah, então está bem.

É, eles não me deixam em paz.
É, eles não conseguem me deixar sair daqui.
Sim, eles vivem nesse eterno questionamento.
Cade ele? Ele saiu? Ele tem que ficar por perto.

Todos os esforços que eu faço pra me desenterrar são inúteis quando temos duas forças maiores fazendo um movimento inverso.
Eu empurro, eles puxam.
E vai ser sempre assim.
Dois contra um é sempre mais complicado não é mesmo?

Hyde: Hey Jeckyll.
Jeckyll: Fala Hyde.
Hyde: E se nós tentássemos sair? Tomar conta desse corpo inútil?
Jeckyll: Não temos força pra isso Hyde. Por mais que sejamos fortes, ele ainda tem controle sobre nós.
Hyde: Mas eu já saí tantas vezes!
Jeckyll, sempre mais inteligente e perspicaz que Hyde, responde: Hyde, você só saiu várias vezes por que ELE quis. ELE precisava de você lá fora. Você não saiu por livre e espontânea vontade.
Hyde: Mas eu pensei que ele fosse fraco! Que ele não aguentava o nosso peso. A nossa força.
ELE: É, eu não aguento vocês, muito menos posso medir forças contra vocês. Mas eu ainda tenho controle sobre mim. EU USO vocês quando bem entender e do jeito que quiser. A única força de vocês é pra me manter aqui embaixo.

Silêncio.
Pois é.
Essa é uma das piores horas aqui no buraco.
O silêncio.
O buraco.
A escuridão sem fim.
E essas conversas repetitivas também.
Sim.
Não é a primeira vez que temos essa conversa.

Sim, isso tudo aqui me afeta.
Sim, isso tudo aqui não me faz nada bem.
Mas, quem disse que eu consigo sair disso aqui?
Todas as forças que eu fazia pra sair acabaram, se extinguiram.
Eu cansei de lutar saca?

Hyde: Hey VOCÊ.
Fala Hyde, o que você quer dessa vez? - disse a voz num suspiro cansado.
Hyde: Por que você não desiste logo de uma vez do controle? Você sabe que ficaria melhor se eu estive no controle. Você não mais sofreria.
Sim Hyde. Até concordo com você. - disse a voz novamente.
Hyde: Condorda? Então..?
Concordo com você em partes. Sim, eu não sentiria mais a dor, a agonia, o aperto no peito. Mas eu perderia oportunidades de sentir o frio na barriga, as borboletas no estomago e perderia a oportunidade de sorrir só de ver o brilho de um olhar. - ELE deixa um sorriso no canto da boca escapar.
Hyde: Mas, mas... Se você voltasse a sentir tudo isso e acabasse de novo, você não se enfiaria no buraco mais uma vez?
Sim meu querido Hyde. Por isso eu tenho vocês aqui no buraco. No meu inferno particular. - disse a voz
Hyde: Sim, agora entendo.

E, de novo, o silêncio.   

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Papai Noel e sua Ideologia de Merda

Natal.
Mais uma data comemorativa.
Mais uma data para distribuir sorrisos falsos.
Mais uma data para distribuir abraços falsos.
Mais uma data para sermos falsos.

Comer.
Encher o rabo de comida.
Risadas.
Hipocrisia rolando solta.

Então é Natal, e o Ano Novo já vem.

Dois feriados hipócritas.
Só a minha opinião claro.
Passamos o ano inteiro, brigando e discutindo com as pessoas.
Sejam elas família, trabalho, conhecidos.
Às vezes, passamos o ano inteiro sem falarmos com certas pessoas.
Mas nessas datas, abraçamos, rimos, choramos e desejamos toda a felicidade do mundo.


Claro, sou hipócrita também.
Faço isso todo ano.
Pessoas que não suporto, chegam nessa época, me abraçam, dizem que me amam e falam que não querem perder o contato no ano que virá.
Se foder.
Tudo bem que faço a mesma coisa.
Afinal, quem não gosta de mesa bonita, cheia de pratos gostosos e bebida à vontade?

Sinto que a cada ano que passa, mais eu fico de saco cheio dessas datas.
Dessas farsas.
Desses sorrisos e abraços.

Presentes.
Abraços.
Amigos-secretos.
Toda essa caralha aí me irrita.
É, muitas coisas me irritam mesmo.
Eu sou chato para caralho.
No duro.

"Papai Noel, filho da puta, rejeita os miseráveis.
Presenteia os ricos e cospe nos pobres."

Foda-se.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Um Náufrago e a Sua Ilha deserta.

Sabe navio afundando?
Lembra da cena do Titanic?
Me sinto um pouco assim esses dias.
Não sei ao certo se sou o navio ou se faço parte dos náufragos.
Saca?

Sozinho.
Ilhado.
Lutando para sobreviver.
É, acho que me identifico como um dos náufragos.
Lutando pra achar um porto-seguro saca?

Passo por vários saca?
Mas sabe quando você não tem força pra atracar?
Ou algo neles não lhe é tão convidativo assim?

Na verdade, como um bom náufrago, pretendo ficar em alguma ilha deserta por um tempo.
Criando força e coragem para construir meu próprio barco e sair de tal ilha vazia.
É estranho tentarmos sair de ilhas vazias que nós mesmos contruimos não?
Parece que deixamos partes de nós nela.

Faz tempo que Hyde e Jeckyll não aparecem.
Isso que tem me deixado meio desnorteado.
Acho que a falta deles e da Alice também, têm me deixado estranho.
Meio solto.
E isso pra mim é desconhecido.
Tenho medo.

Alice.
Ela apareceu em meus sonhos esses dias.
Acordei com um gosto salgado na boca.
Não, não era sangue.
Muito menos suor.
Escorria de meus olhos.
Minhas mãos tateando no escuro confirmaram isso.
Eram lágrimas.

É Caulfield, é.
De novo lágrimas.
Me ensine a tua arte?
A arte de não sentir?
A arte de fugir?

E como já foi dito..
Tua (minha) falha na arte do desapego.

Falha arte. 

Selos, Poneis e alguma coisa que o valha

Falar sobre poneis e arco-iris não é comigo.
Falar sobre superação muito menos.
Mas não é sobre coisas ruins que eu vim falar hoje.
Vim agradecer os selos que recebi.

Ganhei este selo do Fernando.
Muito obrigado por indicar minhas ideias de merda à ganhar esse selo.
Os outros dois selos, eu ganhei do Felipe. Um cara que, mesmo tendo conhecido há pouco, aprendi a respeitar e fora que seus textos, suas histórias, são fantásticas e fazem eu me sentir uma criança. Muito do que ele fala, eu já senti. E bem, valeu por ter indicado essa merda toda que é meu blog aos selos.


Bem, após ter feito esse post, acabei recebendo mais um selo de uma das bogueiras que eu mais gosto por aqui. Uma poetiza, uma escritora, uma pessoa com o dom. Luiza e seu blog Expressão e Liberdade, realmente me fazem refletir, como é descrito no selo.


Bom, passados os agradecimentos, queria falar por mim agora.

Como todos concordamos, esse blog não fala sobre coisas bonitas, nem faz verão muito menos se parece com Paris e toda sua luminosidade. ( E nem sei porque diabos eu ganhei um selo falando que isso tudo aqui faz refletir)
Esse texto fala sobre as minhas dores, minhas agústias e meus receios.
Vemos em Dualidade e Abandono, todo o meu medo.
Coração e seu dono, fala sobre mim. Meu corpo e meu coração. Ambos trancados.
Em A Fatídica Viagem à Oz ( Ou o Retorno à Fantasia ) vimos umas das minhas maiores brisas para contar como estou.
E tantos dos meus outros textos explicado, gritando, apelando pra que alguém me ouvisse, me entendesse.
Esse sou eu.
Isso sou eu.
Sem mais.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Lágrimas, Socos e Um palco.

Suor.
Sangue.
Alcóol.
Palavras cuspidas com gosto.
Músicas cantadas no intuito de limpar a alma.

Um soco.
Um chute.
Um arranhão.
Feridas que demonstram as minhas vontades.

Um pulo.
Um palco.
Mãos abaixo.
A sensação de flutuar em cima de uma multidão
A alma um tanto mais leve.

Um beijo.
Um abraço.
Tudo o que eu precisava.

Hoje, sem lágrimas.
Só por hoje eu disse adeus à elas.
Só por hoje eu me permiti ser feliz.
Só por hoje eu disse basta.
So por hoje eu decidi ser feliz pra vida inteira.

Lágrimas em olhos que não deveriam chorar.
Lágrimas que não valem à pena.
Lágrimas que escorrem sem permissão.
Hoje, limpei todas elas.

Um caso.
Ônibus lotado.
Isso está ficando repetitivo.
Saio da Armênia.
Passo pelo Shopping D.
Meu deus!
O que é isso entrando?!
Estava me sentindo na Bahia.
Nada contra.
Muito menos a favor.
Mas caralho, eles não conseguem entrar num ônibus e calarem a boca?
Mainha, painho, pega a bolsa.
CARALHO.
Isso me irrita profundamente.
Fim de caso.

Só por hoje, estenderei meus braços aos céus e deixarei tudo para trás.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O Coração e seu dono

Eu tenho um coração fechado.
Fechado pra mim mesmo.
Fechado em mim.

A chave?
Eu joguei fora.
Não tente abrí-lo.
Não tente arrombá-lo.
Manja porta de cofre de banco?

Não adianta forçar saca?
Essa porra toda só vai funcionar quando ele quiser.
Morto. Trancado. Cansado.
Meu coração, minha alma e meu corpo estão assim.

Esse não é mais um texto comum.
Esse texto não é bonito.
Esse texto não fala sobre personagens.
Ele só fala de mim.
Nú e cru.
Cheio de sangue.
Afinal, as metáforas não funcionam na vida real. Só servem para brincadeiras de linguagem.

Esse texto não fala sobre uma Alice.
Não fala sobre Hyde ou Jekyll.
Esses três não têm nada a ver com isso agora.
Não fala sobre um buraco.

Fala só sobre um coração e seu dono.
Um, tão machucado quanto o outro.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

É Caulfield, é

Mr. Hyde sobe a Augusta mais uma vez.
Cerveja, dor e sangue saindo pelo suor.
Enxaqueca batendo nervoso.

Vejo os amigos.
Quase tão afundados quanto eu.
Cadê a minha corda?
Ela afrouxou de repente.
Olha o vazio de novo.

Mais uma vez paro no Econ.
Vejo a pintura do cara escrevendo Eu Existo, mas dessa vez vejo um sentido diferente.
Sinto naquele EU EXISTO, eu mesmo gritando ao mundo que estou aqui.
Por baixo de todos os escudos e proteções.
Sim, dessa vez estou convicto que ele escreveu com sangue.
Com o meu sangue.

Caço palavras ao acaso para descrever o que sinto.
Caço meios de demonstrar que estou bem.
Caço formas de esquecer o vazio que me ocupa o peito.
Caço jeitos de preencher os buracos criados ao longo desse tempo.

"O meu temperamento afastou você"

Sabe, você havia me dito justamente isso no fim.
"Você é instável demais. Independente demais. Eu tenho medo disso."
Tapa na cara de Hyde meus amigos.
Alice tem uma mão pesadinha até.
Pesadinha o suficiente pra fazer a dor do tapa permanecer muito tempo ainda.

Durmo vendo imagens que todo dia eu tento tirar da cabeça.
Imagens que me corroem a pouca paz que eu consegui ter.

Caulfield ri de sua inteligência.
Ele realmente consegue mentir bem. No duro.
Pena que Jeckyll não tenha essa capacidade.
Ele não consegue mentir pra ninguém, nem pra si mesmo.
Muito menos pra si mesmo.
Invejo Caulfield e Hyde por isso.
Mentirosos natos.

Caulfield tem problemas em se manter em um lugar.
Parece que não consegue se fixar num lugar só.
Meio que mochileiro saka?
Jeckyll, Hyde e Eu não somos assim.
Curtimos ficar no buraco por diversos motivos.
Jeckyll fica por causa dos abraços de Hyde.
Hyde fica por que é grandissíssimo filho de uma puta, afinal, rir da desgraça alheia é legal.
Eu? Eu me acustumei. "Deixei estar" por tanto tempo, que o buraco me é conhecido.

Mas espera, hoje tem uma corda que me puxa.
Apesar dela ainda estar meio frouxa, sinto que posso me forçar nela pra sair do comodismo.

É Caulfield, é.
Invejo-te por isso.
Você consegue sumir.
Eu? Eu sempre apareço pra levar tapa na cara.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Memórias Póstumas de Um Suicida. Parte 4 - Conto

 Memórias Póstumas de Um Suicida #4

Aaah caro caríssimo.
Essa é a última missiva.
Como você notou, minha vida foi curta.
Então, vamos terminar de contá-la.

Vamos dar um salto no tempo?

35 anos.
Mudança de casa.
Quer dizer, eu me mudei.
Separação.
A Boneca quis a estabilidade de alguém menos paranóico que eu.
Bom pra mim, bom pra ela.
Não aguentava mais olha pra cara dela.
Casa nova.
Menor, no Centro.

(...)

39 anos.
Realmente estou na merda.
Fodido.
Falido.
Drogado.
É, de novo.
"Se essa rua, se essa rua fosse minha.
Eu pegava, eu pegava todas as pedras.
Pra eu fumar, pra eu fumar, pra eu fumar.
E me acabar nessa merda de pedrinha."

41 anos.
Sem casa.
Sem família.
Sem nada.
Só um cobertor nas costas e uma vida pesando nos joelhos cansados.
Lugares feios.
Vidas horríveis.
Tão horríveis quanto a minha?
Não sei.
Só sei dos meus demônios.
Mais uma pedra.
Esquece.

42 anos.
Cansei disso.
Dessa dor.
O agióta já bate em minha porta cobrando o preço pelos erros cometidos.
Tento ir em direção à ele uma vez, ele nega falando que não era a hora de ir.
Bem.
Foda-se.
Mais uma pedra.
Esquece.

43 anos.
Volto à minha antiga casa.
Aquela da Boneca.
Com o jardim japonês.
Os novos moradores destruíram aquela merda.
A Boneca de Porcelana vendeu a casa.
Estão reformando.
Vejo a varanda.
Vejo os conduites no chão.
Isso será rápido penso eu.
Pego uma escada que tinha ali por perto.
Subo a escada.
Amarro os conduites.
Enrolo eles no pescoço.
Mais uma pedra pra fortalecer.
(...)

Bom o resto você conhece caro caríssimo.
Já sabe que fui encontrado amarrado aos conduítes.
Eu já te contei essa parte da história.
Então.
Eu me despeço aqui.
Essa missiva é a última.
Ela foi escrita um pouco antes de eu subir a escada.
Eu armei tudo. E fui deixar o livro com a Boneca.
Ela se espantou em me ver daquele jeito.
Mas ela sabia que deveria pegar todos os meus livros e guardá-los.
Foi um pedido que eu havia feito quando nos separamos.
Se tudo afundasse, que ela pegasse meus livros e os guardasse.

E é aqui que eu me despeço meu caro carissimo.
Até breve.
Que o agióta demore para vir lhe cobrar de teus pecados.

Força Jeckyll, força. Força Ricardo, força.

50-50 ?
Isso vai ser interessante.
Pra mim, vai ser bom.
Tentarei viver.
Preciso perder o medo de fazer isso.

Jeckyll se desvencilha de Hyde.
Por mais forte que Hyde possa ser, Jeckyll tenta se livrar de seu abraço.
Claro, sozinho, os braços de Hyde eram confortáveis.
Mais aí, jogam-lhe uma corda.
Um meio de poder sair dos abraços ternos de Hyde.
Jeckyll segura a ponta da corda e começam à puxá-lo.
As primeiras forças para sair do buraco.

Força Jeckyll, força.
Suba pelas paredes do buraco em que você se enfiou.
Força Jeckyll, força.
Saia dos abraços de Hyde.
Força Jeckyll, força.

Uma vez me falaram que pra sair de onde estou, é preciso querer.
Eu juro que quero.
Outra vez, me falaram que eu não arrisco, que eu não aposto no 50-50, só saio do meu casulo no 100%.
Estou arriscando.
Estou tentando viver.

Alice que fique  no buraco da fantasia dela.
Dorothy que se exploda no Kansas.
Eu? Eu quero a minha bonequinha russa.
Sabe aquela que tem várias camadas?
Pois é.
Tão machucada quanto eu.
Tão cheia de escudos quanto eu.
Pelo menos as suas camadas são bonitas.
Eu me escondo atrás de um monstro e de um médico idiota.

Hyde e Jeckyll continuam fazendo força.
Opostas como sempre.
Um puxa, o outro empurra.

Força Ricardo, força.
Por mais que Jeckyl esteja preso à Hyde, você não está preso neles.
Você os usa.
Bem fato é que eles é que te usam.
Eles se mostram mais do que você.
"e quando você aparece está sempre sem proteção nu e cru, de braços abertos ao mundo"
Força Ricardo, força.

Abaixe os teus escudos.
De sua cara à tapa.
Faça valer a pena.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Corra Hyde, Corra. Corra Jeckyll, Corra.

Eu sempre achei que o amor fosse o estilete sem cabo.
Mas vejo que terei que concordar com o Sr. Altro.
Eu sempre fui o estilete.
Não porque eu fosse intenso.
Mas porque eu estou quebrado.
Não corto tanto quanto um estilete.
Estou mais para um caco de vidro.
Vidro de uma jarra que a pessoa acha bonita e tenta consertar.
É onde eu corto e deixo o sangue.
Eu sempre saí dos lugares deixando um rastro de sangue atrás de mim.
Nunca soube me esquivar, sem deixar alguém ferido.
Nunca soube parar de pensar e sentir.
Nunca soube me colocar acima das pessoas e, por pelo menos uma vez, ver o meu lado primeiro.
Não.
Eu não sou assim.
Foda-se a minha felicidade, eu quero só ver a outra pessoa feliz.

Amores.
Amigos.
Inimigos.
Todos eu tento fazer rir para esconder a minha própria infelicidade.
A máscara do palhaço.

Corra, Hyde, corra.
Corra dos sentimentos.
Corra para o buraco.
Corra do que é bonito.
Corra para o escuro.
O escuro lhe é conhecido.
O arco-íris te assombra.

Corra, Hyde, corra.
Pois pode ser que dessa vez Jeckyll vença.
Corra, Hyde, corra.
Dessa vez alguém está preferindo o Jeckyll e você está ficando pra trás.

Hyde: JECKYLL! Não vá! A cura não lhe é conhecida! A dor lhe é muito mais amiga!
Jeckyll: Mas Hyde e se isso me fizer bem? Eu posso conseguir esquecer Alice!
Hyde: E se ela se tornar outra Alice? Ou pior, ela acabar se afundando no buraco que ela quer preencher?
Você ficará contente em mais um rastro de sangue atrás de você?
Jeckyll para, pensa, logo desiste.
Hyde usou de sua última cartada, a melhor cartada.
A faceta nobre de Jeckyll. De sempre se preocupar com os outros e pouco se foder com ele.
Pra foder com os outros ele tem Hyde.

Corra Jeckyll, corra.
Se refugie nas sombras.
Nas sombras de tua insanidade.
De tua loucura.
De tua falta de esperança.
De tua falha na arte do desapego.

Falha arte.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Memórias Póstumas de Um Suicida. Parte 3 - Conto

 Memórias Póstumas de Um Suicida #3

Olha lá.
Mais uma carta encontrada.
E aí, foi difícil descobrir que livro era?
É, penso que sim.

Onde paramos mesmo?
Minha memória é meio falha.
Ah sim.
Contei até os 20 né?

Pois bem.

21 anos.
Shows, saídas.
Faculdade ainda animadora.
Primeiro curso que finalmente eu estava terminando.
Coração ainda cicatrizando das últimas pauladas.
Nada de muito eletrizante.
Uns roles meio tortos.
Porres de tequila.
Glicose na veia.
Nada de muito anormal pra essa idade.

22 anos.
Começo me afundar.
O escudo que carrego começou a ficar pesado.
Está difícil mantê-lo.
Mais difícil ainda é tentar abaixá-lo.
Então eu fico no dilema entre: descer as barreiras ou sangrar até a morte?
Solitário, mas lá, firme e forte segurando um escudo que tem um peso maior do que eu posso suportar
Lá vem o compacto.
Respira, coça, esquece.
Aqui, é só o começo da minha descida ao poço.

23 anos.
Fim da faculdade.
Dp em quase todas as matérias.
Ficava mais em casa do que saia.
Quem vai tirar Gregor Samsa de seu quarto?
Foda-se.
Paguei as Dp.
Faculdade particular.
Eu que pagava mesmo.
Lá vem a H.
Sobe na veia, bate no cérebro.
Over.
Mas acordei.
Péssimo.

(...)

26 anos.
Tem 3 anos que estou preso aqui.
Não meu caro, não estou na cadeia.
Antes fosse.
Reabilitação de drogados.
Preso. Humpf.
É a 5ª vez que eles tem que me caçar na rua pra me trazer de volta.

(...)

30 anos.

Olha.
Sufoco.
Hoje?
Casado.
2 filhos.
Casado com a Boneca de Porcelana.
Se estou feliz?
Não.
Eu gostava da minha vida torta.
Gostava de sair por aí.

31 anos.
Reforma na casa.
Reformando quintal.
A Boneca pediu um jardim japonês.
Futil.
Ela é descendente de alemão.
Ela queria um "mini-templo" budista.
Ela é atéia e eu também.
Só que ela tá se misturando na merda da "high society".
Olho a contrução.
Olha as vigas.
Olho mais acima.
Vejo minha varanda.
Esqueço.
Preguiça, medo.
Medo da dor.
Isso se for doer.
Não sei.
Os meus?
Eles que se fodam.
Pra mim não passam do estereótipo que eu tive que me acustumar a ter.

(...)


Aaaah caro caríssimo.
Mais uma missiva então?
Essa história está longe de acabar, ou talvez não.
Entenda caro caríssimo, você me conhece.
Sabe que eu gosto de tradições.
E como todo bom tradicionalista, eu crio hábitos, tradições a serem seguidas.
Quem sabe assim, seja você que for, se ainda não gosta de ler, se interesse
pelo encanto dos livros.
Mas dessa vez, será mais difícil ter acesso à esse livro.
Por motivos que explico na próxima missiva, ele não estará no meu armário.
Procure com a Boneca. Ela estará com ele.
Aqui vai o trecho.

" -A sua influência é de fato tão má como diz Basílio, Lorde Henry?
  -Não existe influência boa. Toda influência é imoral...
imoral do ponto de vista científico.
  -Por quê?
  Porque influenciar uma pessoa é transmitir-lhe a nossa própria alma.
Ela já não pensa com seus próprios pensamentos, nem arde com as suas paixões.(...) "


Pois é caro caríssimo, livrai-nos de toda influência. Amém.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Memórias Póstumas de Um Suicida. Parte 2 - Conto

Memórias Póstumas de Um Suicida #2

Olá meu caro caríssimo, como vai?
Se você está lendo isso, é porque você descobriu o livro citado na outra missiva.
Pois bem, então aqui nessa, continuaremos com a minha vida.

Onde parei?
Ah sim, última fratura aos 14 anos.
Minha mãe ficaria feliz se tivesse parado por aí.

Aos 16 tenho minha primeira convulsão.
Motivo: Trombose Cerebral.
2 veias entupidas no cérebro.
Risco de AVC.
1 semana na UTI.
Como companheiros de quarto: Uma velha em estado terminal.
Um senhor indo para uma cirurgia no coração.
Memórias de Uma Gueixa e Crônicas de Nárnia.

Como disse antes.
Só fiz comer e dormir o dia inteiro deitado naquela cama de hospital,
em que muitos outros já deitaram e viram suas vidas passarem na sua frente.
Comigo não foi tão diferente.
Acho que o motivo de eu ter me matado, começou a se formar por aí.
Uma pequena semente.

Começo a dieta das drogas.
Drogas lícitas.
Gardenal para o louco.
Mr. Hyde toma conta.

O Médico e o Louco.
O Louco está divagando enquanto o médico se esquece dele mesmo.

Vamos pular um ano?
Com 17 anos não fiz nada de memorável.
Trabalhei, fui demitido e continuei no 2º colegial, pois tinha repitido.

Voltamos então aos 18.
Começa meu inferno amoroso.
Primeiro amor, primeira foda, primeira decepção nesse jogo besta.
2 anos de remédio, mais 4 crises nesse intervalo.
Uma amizade, um hobby e um tapa na cara.
Não necessariamente nesta ordem.
Trabalho escravo.
Shopping.
12 horas.
Sem vida, sem amigos, sem nada.
Principalmente, sem dinheiro.
O que se faz com 500 reais mensais?

Pularemos mais um ano.
19 anos. Nada muito memorável.
Começo 3 faculdades nesse meio tempo.
A primeira, aquela pra mostrar que, mesmo sabendo que não vai dar certo, você quer usá-la pra demonstrar independencia.
A segunda, mais por falta do que fazer. Nem cheguei a fazer a matrícula.
A terceira, comecei um curso e mudei na metade.
Acho que finalmente acertei.

20 anos.
Trabalhei sério.
Estudei sério.
Meti seriamente e sem nenhum compromisso também.
Bebi pra esquecer, mas eu não consegui esquecer quando bebia.
Ah sim, fato que esqueci de colocar na lista dos 19.
Aos 19 vem a segunda e pior decepção naquele jogo idiota criado por um anjo cretino.
Pegue suas flechas e enfie elas no seu CUpido.

E nessa segunda missiva foram mais 6 anos de vida.
Faltam ainda...
O mania de querer atropelar os fatos.

Quer descrobrir onde está a terceira?
Jogaremos de novo.

"Eu?
Eu sempre acabo no cuspe com sangue.
Sempre assim.
Cabeça abaixada.
Baba bêbada.
Saliva vermelha na pia branca.
E não reflete.
Saca?
Nem pensa.
Só escorre."


Pois é.
Mais um livro.
Você conhece minha paixão por livros.
Tudo bem.
Esse é difícil.
Uma dica a mais então.
Você não achará ele em uma livraria comum.
Ele não é comum.

E isso meu caro caríssimo, é só a segunda missiva

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A Fatídica Viagem à Oz (Ou o Retorno à Fantasia)

Um personagem vazio.
Um personagem sem coração.
Outro sem coragem.
E o outro perdido.
Todos, facetas de uma mesma pessoa.
Oca, perdida nesse mundo estranho.
Cada vez mais fundo no olho do furacão.
Cada vez mais sem coragem de mostrar o leão dentro de si mesmo.

O homem de lata busca um coração.
Não que não tivessem lhe dado um, mas sim porque o dele foi arrancado de seu peito há muito tempo.
Doroty comanda os macacos voadores.
Eles fazem o que ela pede.
Por que me sinto como um dos macacos?
Preso pelos desejos dela?

Gosto amargo na boca.
Gosto de sangue.

Oz foi mais um sonho.
Pena que ainda me sinto o homem de lata.
Por mais que tenha sido o macaco, ela só tinha três desejos.
Se fode.
Fique na merda.
Me dê seu coração.
3 desejos.

De macaco voador, viro o homem de lata.
Cadê o espantalho da história?
Pelo menos assim eu teria de quem rir.
Melhor sem coração do que sem cérebro, creio eu.
Doroty volta pro Kansas.
Por que eu não consigo sair de dentro do maldito furacão?
Procurei por tantas vezes o mago para que ele me desse um coração, mas me foi negada tantas vezes a minha presença à ele que eu desisti de acreditar que tal mago exista.
Só acredito nos macacos, mas eles também são apenas servos de um idiota qualquer.
Porra! Esse furacão não acaba nunca?

domingo, 5 de dezembro de 2010

Memórias Póstumas de Um Suicida. Parte 1 - Conto

Memórias Póstumas de Um Suicida #1

Se você está lendo essa breve missiva, devo crer que finalmente tomei coragem e fiz
o que me borrava de medo de fazer, e que você achou isso em um dos bolsos da
minha jaqueta na hora de me tirar do conduite com o qual me enforquei.
Ei, espera!
Eu já contei como morri.
Idiota.
Era pra ter toda uma história e os motivos por ter cometido tal ato.

Enfim, já que eu já me adiantei aos fatos, começaremos, dessa vez, do começo.

Quando eu era um espermatozóide...
Huum, acho que não dá pra ser tão do começo assim.
Nessa época eu ainda não tinha cérebro, não que eu tivesse muito, mas enfim.
Quando eu era um feto?
É, também não.
Eu só fazia, comer, dormir.
Não que eu não tenha passado quase a minha vida inteira assim.
Acho que foi por causa disso que fiz o que fiz.
Posso dizer que minha vida começa aos 2.
Primeira fratura.
Desloquei cotovelo.
Usei platina.
Aos 3, engulo dois parafusos.
Médico fala que dei sorte por não ter me cortado inteiro por dentro.
Mas ele falou que ia ter que sair na merda.
"Pesca, pesca o parafuso.
Pesca, pesca no coco.
Já achei um parafuso.
Vou procurando mais a fundo."
Agora, após ler isso, vejo que desde cedo eu procurava os braços da morte.
Porque, aos 4, fui correndo de encontro com um taco de baseball em movimento.
Coma por 1 semana.
Paralisia do lado direito do corpo.

Sei lá, quando menor, fui uma criança mais agitada.
Minha mãe falava que eu tinha vida.
Cresci e acabei com ela.
Pois é.
Esse toque de ironia não foi engraçado.
Mas já estou morto mesmo, foda-se se você não riu.

Bom, voltando a minha divagação.

Cresci e fui me acalmando.
Claro que eu tive minhas doses de idiotisse.
Foram mais 8 fraturas no total.
Isso tudo até os 14 anos.

Essa é a missiva número 1.
Pra que contar toda uma vida de uma vez?
Eu prezo pelo mistério.
Afinal, minha vida acada aos...
Olha eu querendo contar o final de novo.
Atropelando os fatos.
É, acho que eu pararei aqui.
Você encontrará as outras.
Deixei elas espalhadas por aí.

Quer jogar um jogo?
Vamos jogar.
Pense um pouco.
Onde escondi a próxima missiva?
Precisa de uma dica?
Aqui vai.

" Eu nunca o teria banido da vida
dela, se isso fosse contra a sua vontade. No momento em que o
interesse dela acabasse, arrancar-lhe-ia o coração e
beber-lhe-ia o sangue. Mas, por ora... Se não acreditas em
mim é porque não me conheces. Porém, enquanto tal não
acontecer, prefiro morrer a tocar-lhe num só fio de cabelo que
seja!"

Veja, se você veio me socorrer, provavelmente você me conhece.
Conhece meus gostos e conhece meu quarto.
O que tem dentro do armário?
Pois é.
Livros.
Leia-os e descubra em qual deles está a segunda missiva.

Até breve caro caríssimo.

Dualidade e Abandono

E o que fazer quando o escudo que você segura é muito mais pesado do qua as suas próprias forças são capazes de suportar?
E o que fazer quando enchemos a cara e o sangue com alcóol pra esquecer e tudo o que consiguimos é lembrar mais, deixar as cicatrizes mais abertas?
E o que fazer quando a dor não passa?

Dualidade.
Dois sentimentos opostos.
Amor e ódio.
Felicidade e tristeza.

E o que fazer quando quebra-se o vínculo entre a felicidade e a tristeza, quando elas deixam de andar juntos e forma-se o vácuo e dentro do vácuo, cria-se a insegurança, o medo, a incerteza?

Ser feliz de fato é realmente tão impossível assim?
É um sentimento tão inalcançável assim?

Yin Yiang.
Círculo idiota.
Símbolos de dualismo cretinos.
São tão inúteis quando o peso da infelicidade é tão maior.
Equílibrio.
Isso só funciona quando estamos bem com nós mesmos.
Procurar o equílíbro, procurar a calma, procurar a felicidade, procurar o amor.
São buscas difíceis que, sem apoio, são impossíveis de serem realizadas.

"Desejos por trás de desejos. Por tanto te odiar."

Chorar, beber, se abrir.
Rir, não beber, se fechar.
Coisa louca não?
Eu tenho que ficar nas piores situações pra falar o que sinto.

Mr. Hyde e Dr. Jeckyll me abandonam quando preciso.
Na pele aberta, no sangue regado à alcóol, o simples Ricardo aparece.
Sem escudos, sem proteções, sem barreiras.
Tudo de mim vem à tona.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Jeckyll, Alice e uma pitada de Hyde

Jekyll: Tome meu coração.
Depois de muito tempo machucado, eis ele aqui, inteiro, pulsante e de bandeja para você.
Alice: Owwn. Obrigada. Tome metade do meu. Tenho medo de me machucar.

Aqui Alice foi inteligente. Acho que uma das únicas demonstrações de inteligência dela.
Ao longo de 3 anos de história, não foi diferente.
Jeckyll com a metade dela e Alice com tudo de Jeckyll.

Jeckyll: Isso nos fará bem! Irá me ajudar e, consequentemente, te ajudar. Você não entende?
Alice: Eu to pouco me lixando pro que você quer, pensa e faz.

Jeito doce de Alice dizer que Jeckyll não é nada.
Devolva a minha metade Jeckyll, enquanto eu faço teu coração virar tripa.
Jeckyll, tolo e idiota, devolve a metade e se esquece de pedir o inteiro de volta.
Voltamos à frase: do coração às tripas.

Alice: Você só pensa! Você não consegue se desligar! Você vive no mundo real! Mundo material. Mundo capitalista.
Jeckyll: Sim. O mundo é Capitalista, eu tenho dinheiro e gosto de gastá-lo. Eu trabalho pra ter esse dinheiro.Você, você vive no mundo da fantasia. Financiado pelo Chapeleiro e pela Rainha de Copas.
Não sabe o que é suar para conseguir algo. No máximo, sua pra subir a escada e pedir o dinheiro do Chapeleiro.

Acordar. Olhar pela janela. Neblina, campos verdes.
Alice realmente mora num lugar bonito.
Era bonito olhar tudo isso e senti-la em meus braços.
Que pena.
Isso foi só um sonho.
Nunca dormi e acordei com ela.
Ela realmente foi só um sonho.

Jeckyll: Eu aprendi tanta coisa com você. Aprendi a amar. Aprendi a ser mais calmo. Aprendi a me controlar melhor em certas situações. Obrigado.
Alice: Viu como você não me dava apoio? Eu não aprendi nada com você. Eu não amo ninguém. Nunca aprendi o que é isso.

Hyde quer entrar em cena.
Bater, jogá-la na frente de um ônibus que esteja passando, humilhar, xingar.
Jeckyll não deixa. Hyde não sairá de controle dessa vez.
Jeckyll simplesmente suspira e abaixa a cabeça. Derrotado.

Alice: Nossa aliança...
Nossa, ela guarda. Deve ter significado algo bom pra ela. Infeliz e ingênuo Jeckyll.
Alice: Nossa aliança...e as outras que ganhei. Olha que bonitas. =) Eu acho tão mais bonitas as lisas.
Agora Jeckyll solta Hyde. Essa ele não consegue conter.
Hyde: PORRA! Eu gastei 300 reais nessa merda. Só pq tem 3 pedrinhas e é de ouro branco com filete de ouro. Gastei essa merda toda, porque você me infernizou falando que não gostava de aliança que girava, não gostava de lisa, agora entendo, você já tinha várias. Avisasse que usaríamos essa merda de pedaço de metal por 1 ano só. Eu teria comprado um daqueles que vem no chiclete.
Alice fica de boca aberta. Fala que tá tarde e que precisa dormir.

Jeckyll, à caminho de casa se arrepende. Toma remédio.
Dorme Hyde dorme.

Jeckyll(telefone): Alice? Me desculpa. Não queria ter falado aquilo.
Alice: Queria sim. Você não me entende. Você não sabe ficar mal. Tá sempre aí, sorrindo, fazendo os outros rirem. Quando eu estou mal, eu quero um abraço. Você me dá um abraço, mas logo você limpa meu rosto e pede pra eu dar um sorriso e andarmos. Eu simplesmente quero chorar. Nunca vi você chorar.
Hyde gargalha dentro de Jeckyll. (Falei que você deveria ter me deixado mais um pouco no ar ainda)
Jeckyll: Que que é então? Pra gente ser feliz você tem que me ver na merda? Porquê pra você, eu só sirvo se estiver numa merda pior que a sua? É isso? Desculpa, não sei ser assim. Eu posso estar um caco, como geralmente estou, mas eu não gosto de transparecer isso pras outras pessoas.
Alice: Pois é. Eu queria te ver chorar uma vez. Pra saber que você é humano. Mas esquece. E me esquece.

Hyde ri. Desgraça alheia é sempre engraçada.
Jeckyll sofre. Ele sempre sofre mais. Ele sente mais.
Alice, indiferente. Hoje, ela que se foda.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Hyde, Dorian, Caulfield, Gregor e Alice

Calor.
Um Sol pra cada cabeça.
Pra cada cabeça uma sentença.
E a minha já foi dada caro caríssimo.
To a caminho do inferno há muito tempo já.
O inferno na Terra.

Novamente a manchete no jornal.
"Bazuca contra tanques é apreendida em casa no complexo do Alemão" ou algo assim.
Bandidos muito melhor armados do que a nossa "Força Policial"
Não mais bem treinados, mas com muito mais sangue frio com certeza.


Das tripas coração.
Meu coração já virou tripas.
Esmigalhado, cortado, fatiado.
A frase correta seria então: do coração às tripas.

Hyde, Dorian, Caulfield, Gregor.
São apenas personagens das mentes insanas de seus autores.
Me identifico com  Hyde por certos motivos.
Ele é tudo o que Jeckyll não queria e não podia ser.
Ele faz o que der na telha e está pouco se fudendo pra sociedade, pro que ela pensa e pro que ela determina.

Pare de fantasiar Alice.
Você não é mais criança.
Você não está mais no mundo da fantasia.
Hora de tomar a poção e crescer.
Há um mundo novo lá fora pra você conhecer.
Eu já o conheço e sei onde posso e onde não posso pisar.
Se vira.
Não foi você que quis viver a vida inteira perto do Chapeleiro Maluco, da Rainha de Copas e da Lebre com seu relógio?

Eu sou sangue, sou corte, sou ferida.
Sou mais do que um rostinho bonitinho.
Sou alma, sou sentimento, sou emoção.
Sou mais do que simples palavras belas na internet.
Sou o sentimento mais podre de Jeckyll.
E eu gosto disso.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Assuntos variados, pra uma única merda só

Assuntos Diversos. Parte 1.

Ahh caro caríssimo, como é doce a solidão.
Como é doce não ter ninguém.
Como é doce ficar sozinho.
Tão doce quanto uma torta de morango estragada.
Azeda, horrível e que, com certeza, irá te fazer botar pra fora até o intestino.
Pois é meu caro, a solidão é um doce estragado.

Assuntos Diversos. Parte 2.


Acordar.
Tomar remédio.
Gardenal para o Louco.
Mr. Hyde toma conta.
Ir trabalhar.
Passar na banca e ver a manchete:
"26 de novembro, o Brasil começa a vencer a luta contra a criminalidade" Ou alguma caralha que o valha.
20 anos de vida e agora que eu vejo esse país de merda fazer algo.
20 anos ouvindo sobre tráfico e sobre violência.
O Abusado Caco Barcelos logo me vem à mente.
Pela Rota 66 também sigo em frente.
#paznorio é o caralho.
Finalmente a polícia está fazendo algo.
Deixa pelo menos eles matarem esse bando de filho da puta.
Direitos humanos de cú é rola.
Fui fodido a vida inteira e nada sobra pra mim.
Do meu salário, quase 100 reais é descontado.
Pra que?
Pra encher o rabo do nosso governo de dinheiro, suado, do meu suor, e pra vagabundo poder se sustentar de fome zero, bolsa família e toda essa putaria que existe.
Hoje em dia tá valendo a pena fazer 10 filhos, ser mandado embora do empre e ir preso.
Dá pra ganhar quase 2000 reais nessa brincadeira.
Leis imundas, idiotas e patéticas.
Servem só para o nosso governo poder burlá-las e se encher de dinheiro.
País em Desenvolvimento.
Desenvolvimento do cu deles se enchendo de grana só se for.


Assuntos Diversos. Parte 3.


O estilete sem cabo meu caro caríssimo, esse é o amor.
A gente teima em segurá-lo, mas não consegue soltá-lo sem nenhuma ferida, sem sair sangrando.
Discordo do Sr. Altro quando ele compara o amor com leite e café.
Pra mim, esta merda continua sendo o estilete sem cabo.
Sempre me machucando, sempre me ferindo, nunca conseguindo sair inteiro.
Eu tento me reconstituir, tento me reerguer, mas sempre é mais difícil.
Eu volto para a história do boneco de posto, que balaça de acordo com o vento, com um sorriso estampado na cara e o vazio por lhe encher o corpo.
"Você acredita em felicidade?
Não, eu sou ateu.
E o que isso tem a ver? Não tem ligação.
Tanto quanto eu não acredito em Deus, eu não acredito em felicidade, pois eu nunca vi ninguém totalmente feliz de fato."

Pois é meu caro caríssimo, felicidade não existe, aquele gigante idiota que nos ve de cima, ditando regras e querendo que, por intermédio Dele, descubramos nossa própria essencia também não existe.
É so mais uma desculpa criada para alienar povos e arrancar dinheiro dos idiotas.
Baboseira pra fazer criancinha dormir.
Desculpa, nunca ouvi histórias antes de dormir.
Foda-se minha essencia, foda-se tudo isso.
Do mesmo jeito que eu cansei de acreditar Nele, eu cansei de acreditar no amor.

Assuntos Diversos. Parte 4.


Entro no ônibus.
Pra variar lotado.
Uma crente lendo Comer, Rezar e Amar.
Bem, Comer, só se for o macarrãozinho que é a fonte da capa do livro.
As Rezas dela, em vista que ela deve estar com seus 20 anos e com cara de 30, devem ser para achar uma foda logo, o que nos remete ao terceiro item do título.
Amar, bem, ali tem que rolar um sentimento muito forte pra poder rolar a tal esperada foda.
A crente me fez lembrar do babaca que estava em frente ao metro Liberdade hoje.
Cantando algo a ver com Jesus e toda essa caralha ae.
Deu vonta de chegar e falar: Para, ele não vai te ouvir. Você pode cantar, berrar, usar um megafone. Desiste.
Por que você fala isso meu jovem? Um dia ele irá me escutar. - ele com certeza falaria.
Porque meu caro crente idiota, ele não existe.
Se existe, ele ainda não apareceu pra mim.
Príncipe da Paz, Senhor da Glória, Jeová Rei.
Haha. Isso tudo só me faz rir.
Pra que gritar se Deu é onipresente, onipotente e onisciente não é?


E tudo isso acima, meu caro caríssimo, é só o meu inferno e mais nada.






* O trecho em negrito e italico é uma conversa do Pablo Henrique. *

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Mais um gole por favor.

Chuva.
Mais um gole.
Trânsito.
Mais um gole.
Ônibus lotado.
Mais um gole.
Pessoas respirando o mesmo ar.
Mais um gole.
Engarrafamento tocando alto no meu fone de ouvido.
A tiazinha do meu lado me olha assustada, ela consegue escutar o que eu estou ouvindo.
Mais um gole.

Mais um gole de cerveja, mais um gole de café amargo,
mais um gole de tédio, mais um gole de torpor.
Mais um gole de submissão, mais um gole de revolta.
Mais um gole de água pra fazer descer o remédio.

Mais um gole.
Um gole de você.
Um gole das promessas.
Um gole das atitudes.
Um gole dessa merda pra fazer descer rasgando a garganta.

Mais um gole disso tudo pra me fazer esquecer.

E como já foi dito.
Acende o fósforo, joga no copo.
Deixa pra sorte escolher o que vai acontecer daqui pra frente.

domingo, 28 de novembro de 2010

Catharina, Linton e Heathcliff

No som, Mentiras, Verdades e Conhaque.
No sangue, alcóol e o efeito das drogas lícitas que eu tomo.
Na cabeça, a imagem de Catharina e Linton de mãos dadas na esquina.
Agora eu entendo o egoísmo de Heathcliff.
Sinto na pele o que ele sentia.
O tamanho daquele amor estranho e solitário.
Amor esse que se vale pela oportunidade de uma vida mais em paz, com o submisso e alegre Linton.
Por isso eu me identifico com Heathcliff.
Eu não sou santo.
Eu não sou normal.
Eu gosto do sangue, das palavras sujas.
Você gosta da estabilidade e de sempre ser a dona da razão.
Linton deixa você ser assim.
Cego, idiota e mole.
Eu nunca deixei.
Na verdade, deixei sim, mas quando vi que você tava gostando disso, tentei mudar.
E quando mudei, você saiu da casa no Morro e foi pra Granja.
Você gosta de sempre ter a palavra final.
E isso, eu não suportava.
A indecisão de Catharina, a imposição de Catharina, o fingimento de Catharina.
Vá Catharina, aguardo ansiosamente a sua morte.
Não a física, não sou assim tão sem coração quanto você alegava.
Mas a psicológica, pois você continua sendo o fantasma que me assombra de noite.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Recusa de Grete

Quem irá me ajudar a sair do quarto?
Quem irá trazer à mim os restos da mesa?

Amigos, irmão.
Pessoas que se preocupam comigo.
Mas de que adianta, se eu não consigo me abrir direito.
Sair de trás de certos escudos é difícil.

Grete se assusta ao me ver.
Ela me olha, me encara e sai andando com o celular na mão.
Ela era a pessoa que me ajudava.
Hoje, ela me deixa embaixo dos lençóis e canapés.
Não me traz mais os restos, não quer mais mexer nos móveis para facilitar
a minha movimentação no quarto.

Senhor Gerente, entenda que hoje eu não consigo sair daqui.
Entenda que eu já não aguento mais viver assim.
Senhor Gerente, por favor, avise ao Senhor Chefe que este mundo está acabando.
Não foi você, Senhor Gerente, que disse que um dia tudo melhoraria?
Até hoje não vi seu sangue ser derramado.
Não vejo as chagas, não vejos os cortes, não vejo a redenção.
Vejo a burguesia que patrocinava as cruzadas, entupindo os próprios rabos com dinheiro sujo.
De que adianta colocarmos em nossos e-mail empresariais a merda de frase:
"Antes de imprimir, lembre-se do meio ambiente"
Porra, vocês queimam a floresta, devastam a natureza, montam ILHAS de sujeira no oceano,
criam lixões em que CRIANÇAS trabalham pra conseguir sustento.
Mas que caralho de Economia em avanço é essa?
Economia em avanço de cu é rola.
Uma queria aprovar o aborto, o outro é um manco cego e a única que se diz preocupada com isso
foi jogada pra escanteio.
Marionetes Políticas me dão nojo. Joguinho político me dá nojo.

Senhor, seu troco.

Aqui se faz, aqui se paga.
Prefiro assim.
Sei todas as merdas que faço.
Sei todas as merdas que fiz e que hei de fazer com certeza.
Então, pra que adiar o momento de pagar o agióta?
Quanta besteira.

E isso tudo aqui, meu caro caríssimo, são só as besteiras e baboseiras de uma mente insana.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Meu irmão que escolha a maneira pela qual prefere arruinar-se

"Meu irmão que escolha a maneira pela qual prefere arruinar-se. - dizia ele."


As vozes gritam.
As mãos batem em muros invisíveis pedindo por liberdade.
As lágrimas escorrem, lamentando a esperança perdida.
O sangue escorre pelas unhas quebradas de tanto arranhar as paredes tentando, em vão, chamar alguma atenção.
Os pés, cansados de manterem o corpo inteiro ereto, dóem ao tentar se manter firme por cima das bolhas criadas.


Descendo a Augusta me deparo com uma pintura que, toda vez que eu olho, percebo como nós, humanos, esquecemos de nossos semelhantes.
Pra quem não sabe, é uma pintura em frente ao Econ, quase perto do Anhangabaú.
É um homem, pintando com as próprias mãos, (e até hoje eu acho que a tinta q ele usa é o próprio sangue), a frase Eu Existo.
Vemos que nos esquecemos das pessoas.
Vivemos tão alienados no mundo: Acordar, Trabalhar, Ganhar dinheiro, Fazer uma Faculdade, Casar com a merda da Boneca de Porcelana, Ter dois filhos.
Estamos tão ligados à esse estereótipo, à esse padrão de vida imposto pela mídia, que nos esquecemos das pessoas.
Famílias se unem hoje pelo amor...Amor ao dinheiro, amor ao status, amor ao sobrenome.
Quando digo que desacreditei no amor, eu estava mentindo, afinal, o que é o amor?
Alguém já descobriu o que é esse sentimento de verdade?
Borboletas no estômago?
Frio na barriga?
Perna bamba?
Desculpa, isso pra mim são sintomas de Dorgas, ou coisa do genero.


"Meu irmão que escolha a maneira pela qual prefere arruinar-se. - dizia ele."



Nós escolhemos nos arruinarmos a cada tecnologia destrutiva que inventamos.
O ser-humano é o único animal que inventa métodos de como acabar com a vida de outros seres-humanos e de quebra, acabar com a vida do pouco que resta de natureza.
E depois dizem que somos animais racionais.


E isso meu caro caríssimo, é só um terço do que fazemos.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A primeira impressão é sempre a que fica

Pois é. A primeira impressão é sempre a que fica.
Bonequinha de porcelana, toda magrinha, branquinha, com carinha de frágil.
Isso pela meu saco.
Eu gosto de sangue, eu gosto de cuspe, eu gosto de xingos.
Eu gosto de sentir a pele de minhas costas se rasgarem com as suas unhas.
Eu gosto disso.

Bonequinha não é pra mim.
Como eu disse, eu sou aquele boneco de posto.
Vazio e sujo. Abandonado.
Nem as crianças que passam por mim me olham mais.
Eu preciso disso tudo pra me sentir vivo.

"Vai Prometeu, troque de lugar comigo, me acorrente com teus grilhões, mas por favor, fale para a Águia que come tuas entranhas, comer meu coração. Quem sabe assim eu paro de sentir esse aperto, essa dor. Mas acrescente à ela e, aqui, eu rezo e peço, que não restaure meu coração no dia seguinte, pois sei que, assim que ele for restaurado, voltarei a sentir essa dor maldita. 
Me deixe sem sentir nada, por favor.
Por pelo menos um maldito dia.
Por pelo menos um maldito dia não me deixe sentir, não me deixe sofre.
Pois é meu caro caríssimo, é nessa merda que eu estou.
Esta história não tem um herói, ela só fala de lágrimas, sangue e destruição. Não meu caro caríssimo, ela não fala de uma princesa adormecida e sim de uma donzela que pega um punhal e crava ele no teu peito, fode com a tua vida e sempre volta para torcer o maldito punhal.
É meu caro caríssimo, esta vida não me satisfaz mais." 

É caro caríssimo, preciso me sentir vivo pra suportar o peso que vem em minhas costas.