segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

É Caulfield, é

Mr. Hyde sobe a Augusta mais uma vez.
Cerveja, dor e sangue saindo pelo suor.
Enxaqueca batendo nervoso.

Vejo os amigos.
Quase tão afundados quanto eu.
Cadê a minha corda?
Ela afrouxou de repente.
Olha o vazio de novo.

Mais uma vez paro no Econ.
Vejo a pintura do cara escrevendo Eu Existo, mas dessa vez vejo um sentido diferente.
Sinto naquele EU EXISTO, eu mesmo gritando ao mundo que estou aqui.
Por baixo de todos os escudos e proteções.
Sim, dessa vez estou convicto que ele escreveu com sangue.
Com o meu sangue.

Caço palavras ao acaso para descrever o que sinto.
Caço meios de demonstrar que estou bem.
Caço formas de esquecer o vazio que me ocupa o peito.
Caço jeitos de preencher os buracos criados ao longo desse tempo.

"O meu temperamento afastou você"

Sabe, você havia me dito justamente isso no fim.
"Você é instável demais. Independente demais. Eu tenho medo disso."
Tapa na cara de Hyde meus amigos.
Alice tem uma mão pesadinha até.
Pesadinha o suficiente pra fazer a dor do tapa permanecer muito tempo ainda.

Durmo vendo imagens que todo dia eu tento tirar da cabeça.
Imagens que me corroem a pouca paz que eu consegui ter.

Caulfield ri de sua inteligência.
Ele realmente consegue mentir bem. No duro.
Pena que Jeckyll não tenha essa capacidade.
Ele não consegue mentir pra ninguém, nem pra si mesmo.
Muito menos pra si mesmo.
Invejo Caulfield e Hyde por isso.
Mentirosos natos.

Caulfield tem problemas em se manter em um lugar.
Parece que não consegue se fixar num lugar só.
Meio que mochileiro saka?
Jeckyll, Hyde e Eu não somos assim.
Curtimos ficar no buraco por diversos motivos.
Jeckyll fica por causa dos abraços de Hyde.
Hyde fica por que é grandissíssimo filho de uma puta, afinal, rir da desgraça alheia é legal.
Eu? Eu me acustumei. "Deixei estar" por tanto tempo, que o buraco me é conhecido.

Mas espera, hoje tem uma corda que me puxa.
Apesar dela ainda estar meio frouxa, sinto que posso me forçar nela pra sair do comodismo.

É Caulfield, é.
Invejo-te por isso.
Você consegue sumir.
Eu? Eu sempre apareço pra levar tapa na cara.

Um comentário:

  1. E te entendo tanto cara.
    Já nem sei como te dizer o que os teus textos representam para mim. De qualquer forma, deram um selo ao meu blog (o que eu reconheço que não mereço nenhum pouco), e indico o seu blog a receber este selo, tá lá no último texto, é só pegar pra você. kkk

    Abraço, cara!

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