segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Bebidas, Memórias e Churrasco Grego com Pelos Pubianos

Mais um dia aqui.
Sentado nesse bar imundo.
Nesse bairro imundo.
Nessa cidade imunda.

Mais um dia aqui.
Pensando na minha vida suja.
Pensando nos meus erros e pecados sujos.
Pensando em coisas sujas.

Mais um dia aqui.
Lembrando dos erros idiotas.
Lembrando dos acertos idiotas.
Lembrando de coisas idiotas.

Mais um dia aqui.
Mais um gole disso aqui.
Mais uma mordida nisso aqui.
Mais um porre nisso aqui.

Mais um dia aqui.
Sentado nesse bar, bebendo a mesma bebida, pensando nas mesmas merdas e lembrando de coisas que não deveria.
Bebendo esse troço que eu não gosto.
Pensando em quantas vezes eu tentei ser feliz e não deu certo.
Lembrando de quantas vezes eu falhei.

Bom, eu só sei que me cansei disso aqui.

Levanto do bar.
Dou passos tropegos em direção à porta.
Saio.
Respiro fundo.
Aquele cheiro de podridão, típico do Centro, preenche minhas narinas.
Caminho pela Barão de Itapetininga.
Olho os vendedores ambulantes correndo do rapa.
Dou risada e continuo andando.
Teatro municipal.
Metro Anhangabaú.
Atravesso o Terminal.
Ando, ando e ando.

Oi Sé.
Oi churrasco grego.
Oi moscas.
O cara que faz meu churrasco grego é um nojento, mas é gente boa.
Com a mesma mão que ele corta o pão, ele dá o meu troco e coça o saco.
Acho que é por isso que o churrasco grego dele tem esse gosto agridoce.
R$ 1,50 Churrasco grego mais um suco.
Suco de cajú.
Detesto cajú.
Como o lanche e vou embora.
Embora pra onde?
Não sei.
Talvez entre no primeiro muquifo que eu passar pela frente, ou durma na João Mendes.
De novo.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Molha chuva, molha

Molha chuva, molha.
Molha esse rosto que fica manchado de lágrimas.
Lava chuva, lava.
Lava essa alma, limpa esse corpo de todo o mal causado.

Hoje eu vi lágrimas em um rosto que eu não queria ver chorar nunca.
Vi lágrimas saírem de olhos que não deveriam chorar.
Não que ela não possa chorar, mas é que às vezes eu me esqueço que ela pode ser fraca.
Eu sempre a vi como uma pessoa forte, decidida, firme.
Ela sempre foi durona, rigida e "militar"
Mas sempre soube me dar o maior amor, carinho e amizade que eu poderia pedir.
Sempre soube que pra ela, eu poderia confiar meus maiores segredos.
Sempre soube que pra ela, eu poderia contar meus maiores sonhos.
Sempre soube que eu poderia correr pra ela e me esconder em seus braços quando estivesse triste.
Hoje eu vi isso tudo acontecer ao contrário.
Ela me ligar pedindo um abraço.

Ve-la correr e me abraçar forte.
Ve-la desmoronar no meu colo quando chegamos em casa.
Ve-la correr atrás do celular cada vez que ele tocava.
Ve-la abaixar a cabeça, respirar fundo e olhar pra mim tentando parecer forte, a cada vez que via que não era ele ligando pra ela.
Ve-la em todos esses momentos me partiu o coração.

Ouvi-la hoje ao telefone, segurando o choro.
Aquela voz apertada.
Me fez lembrar de como fiquei.
Saber que o que ela está passando, eu já passei, e saber toda a extensão da dor é horrível.
Ouví-la falar: Ricka, eu estou mal. Meu peito dói. Sei que é normal, mas dói.
E eu só poder abraçá-la e dizer que eu a amo e que tudo ficará bem.
Isso tudo me dói.
Porque eu vejo o que está acontecendo.

Vejo um buraco novo se criando.
Não em mim.
Mas nela.
Mais uma pessoa fechada em seu inferno particular.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Bem Vindo ao Meu Inferno Particular.

Bem vindo ao meu inferno particular.
É, eu tenho um.
Mesmo que eu não acredite num inferno nem num céu.
Meu inferno particular é diferente.
Ele não é vermelho.
Não é cheio de fogo.
Não tem um cara de chifres segurando um tridente, dando risadas maléficas, enquanto espeta a bunda dos pecadores.

Meu inferno particular é escuro.
Úmido.
Lembra uma caverna que precede um lago subterrâneo.
Saca?
E nele não tem um cara de chifres.
Tem duas sombras.
Duas sombras complemante opostas em suas essência.
Uma delas é mais calma, mais pensativa, mas mais insegura.
A outra é mais agitada, mais impulsiva, mais segura, porém, manipuladora e com uma essência, não má, mas que beira a loucura e insanidade que enriquecem a maldade.

Essas sombras hoje se encontram trancadas no meu inferno particular.
Tranquei-as lá.
Assim como Minos trancou Dédalo em seu próprio Labirinto.
Elas estão lá, trancadas, mas isso não as impede de conversarem e nem me impede de ouvir o que elas falam tão próximas ao meu ouvido...

Jeckyll: Hey, Hyde.
Hyde: Fala Jeckyll...
Jeckyll: Hyde, é tão estranho ficarmos só nós dois aqui. Fica tudo muito silencioso.
Hyde: Eu sei Jeckyll, eu sei.Mas eu não consigo fazer nada.
Jeckyll: Como não?! Você não consegue forçá-lo à descer aqui? Você tão forte, manipulador não consegue convencê-lo?
Hyde: Já te disse que não Jeckyll!! Nem na época que ele era fraco eu tinha tanta força sobre ele, imagina hoje que ele está lá em cima, forte, com uma mão que o segura? Impossível.
Jeckyll: Antes era tão mais fácil. ELE se entregava tão fácil.
Hyde: Pois é meu caro, pois é.

Pois é meus caros, pois é.
Essa é a conversa que eu escuto cada vez que eu coloco o ouvido na porta do buraco.
É, eu faço isso às vezes.
Só pra saber se eles estão lá.
Eu preciso deles lá.
Entendam.
LÁ.
Um dia, se eu precisar, sei que poderei contar com as sombras e o meu inferno particular.
Hoje eu não preciso, não quero e o repudio.
Mas, um dia, quem sabe, caminharei por sobre aquele chão cavernoso e úmido.
Procurarei as sombras.
Abraçarei Hyde e ele irá me segurar, pois sempre foi assim.
Mas hoje, hoje eu seguro na mão.
Na pequena mão que agarra a minha com tanta força.
E sorrio.
Desencosto o ouvido do buraco e o esqueço.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

E o diabo sempre vem pra mais um drink

Queria saber como vim parar aqui.
Sentado nesse quarto imundo.
Fedendo a mofo, sexo e das bebidas derramadas no carpete velho.
Óbvio que eu só contribui na parte das bebidas, afinal, quem teria vontade de transar num lugar imundo como esse?

Ah sim.
Lembrei de como vim parar aqui.
Nós brigamos.
Claro que eu estava com o cú cheio de alcóol.
Não lembro direito o motivo da briga.
Só lembro que, no calor da discussão eu segurei fortemente o seu braço e acabei deixando um roxo muito feio nele.
Lembro também das tuas palavras e do tapa que você me deu.

-Seu filho de uma puta, olha o que você fez! Suma da minha vida seu parasita inútil! - terminou ela me olhando nos olhos e me dando o tapa na cara.

Vejo ela virando as costas e saindo.
Vejo ela colocar a mão no rosto e limpar uma lágrima.
Vejo que eu não merecia aquela lágrima derramada.
Pois bem.
Ela estará melhor sem mim.
Viro as costas e saio andando.
Passo na primeira loja de bebidas que encontro.
Compro meus lindos amigos.
José e Jack.
Eles sempre me ajudam nessas horas.
Passo na frente do primeiro cortiço que aceita eu entrar com bebidas alcóolicas.
Pago os 12 reais da pernoite e subo pro quarto.

Começo a beber o Jack.
Com gelo.
É, eu não aguento bebe-lo puro.
Foda-se.
Quando eu seco essa garrafa, já estou bem alegre.
Lembro que tentei levantar pra me ver no espelho.
Vi olhos vermelhos.
É.
Eu chorei.
Chorei pela falta.
Chorei por não tê-la mais.
Mas sei que ela estará melhor sem mim.

Volto pra cama e abro o José.
Só o cheiro dele já me bate uma brisa louca.
Patron fala que é legal baforar o José.
Dou uma baforadinha de leve.
Quase entro em delírio.
Começo a virar essa merda na boca mesmo.
Pra que sal, limão e copo?
Na 3ª golada, eu tombei.

E bem, agora eu já sei como vim parar aqui.
Meia garrafa de José pra terminar ainda.
Patron está vindo aqui com um pino.
Ele falou que vai usar.
Eu vou ver ele se afundar.
Adianta falar?
Acho que não.
Eu só queria uma coisa.
Ver borbolentas na vibe do Benflogin.
Borboletas coloridas.
Gigantes.
Explodindo na minha frente.
Deve ser uma brisa legal.

Enfim.
Patron chegou.
Trazendo padê e mais alcóol.
Acho que vou terminar a José e tentar capotar de leve.
Só pra ver se eu esqueço a minha vida de novo.
Só pra ver se eu esqueço que o diabo sempre vem pra mais um drink.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Um Prelúdio de Uma Manhã

O despertar.
Essa é sempre a parte em que eu fico mais desnorteado.
Óbvio.
Eu acabei de acordar.
Vou esticar os braços pra me espriguiçar e sinto um peso em cima do meu braço esquerdo.
Olho pro lado.
Claro.
Ela passou a noite aqui comigo.

Claro.
O sorriso no canto da boca veio fácil enquanto eu lembro das imagens.
Das cenas.
Acaricio cada fio desse cabelo preto.
Mais uma imagem vem à cabeça.
O seu sorriso.
É, eu gosto dele.
Como gosto.

Dou beijo na sua testa.
Você resmunga.
Resmunga meu nome e abraça o travesseiro.

Levanto da cama e chuto uma garrafa.
Isso aqui tá engraçado.
Roupas de um lado.
Garrafas de bebida do outro.

Ando até o banheiro.
Ligo o chuveiro e me olho no espelho da pia.
Marcas no pescoço, no ombro e no peito.
É mais ou menos assim que eu gosto.
Entro no chuveiro.
Água quente.
Adoro isso.

Saio e eu não a vejo na cama.
Me assusto.
De repente ela aparece grudada nas minhas costas.
Risos.

A gente deita de novo.
A gente se beija.
E bem.
Pra que estender mais sobre o nosso dia?
Pecado é não viver a vida não é mesmo?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O Buraco Fechado e A Mão e Seu Dono.

É estranha essa sensação.
A sensação de liberdade.
De leveza.
De 'clareza'.

Não sei se consigo me fazer entender.
Mas creio que após ficar tanto tempo dentro de um buraco úmido, sujo e completamente escuro, é natural eu sentir essa diferença de sentidos.

Lembra da mão colorida que afagou o Cão?
Hoje ela me estendeu a mão e terminou de me tirar do buraco.
Lembra que eu tinha conseguido sair com as minhas próprias forças?
Pois é Hyde, pois é.
Nem você foi capaz de me segurar.

O buraco.
Eu sei que ele estará sempre ali.
Reservado pra mim.
Meu inferno particular.
Sei que ele estará ali pra mim quando eu precisar.
Sei que Hyde e Jeckyll estarão ali se um dia eu voltar pra cá.
Mas hoje?
Hoje não.

Hoje eu olho pra baixo.
Os vejo ali, olhando pra mim com um olha atônito.
Eu dou um sorriso.
Largo a mão por um breve instante e olho pro rosto do dono da mão.
O rosto me sorri.
Eu sorrio de volta.

Agacho.
Seguro a tampa do buraco.
Respiro fundo.
E o fecho.
Pra não abrí-lo por um bom tempo.

Fique fechado buraco.
Fique tranquilo Jeckyll, Hyde zelará por ti.

Eu?
Eu vou viver.
Me levanto.
Olho para cima.
Vejo o sol.
Olho para frente e a vejo.
Sorrio.
Sorriso a toa.
Seguro a sua mão e saio andando.

E como já foi dito e cantado:
"E hoje o Sol nasceu, declarando o fim, dessas lágrimas"

domingo, 16 de janeiro de 2011

Pois é Cão, pois é

Nas mãos.
Mais um copo dessa porra que me torna um cão.
Um cão que revive tudo o que foi proibido e vetado dele viver.
A vida perdida, sendo retomada aos poucos.

Pois é Cão, pois é.

Você correu por essas ruas atrás de caminhões de lixo por diversas vezes.
Você correr por essas ruas atrás de carros luxuosos por diversas vezes.
Você foi chutado demais por essas ruas.
Ignorado demais por esses estranhos de duas patas.

Pois é Cão, pois é.

Você vive um mundo triste.
Vê um mundo preto e branco.
Não porque a sua genética lhe fez assim.
Mas porque esse mundo perdeu a sua cor original há tempos.
Você deixou de acreditar nas cores, nos brilhos e nas suas sutilezas.

Pois é Cão, pois é.

Você preferiu viver no mundo monocromático.
Bom, na verdade.
Você desistiu do mundo colorido e foi forçado a viver no mundo preto e branco.

Pois é Cão, pois é.

Cansado de correr por essas ruas.
Cansado de comer restos em lixos que ficam em portas de casas.
Cansado de ir atrás de donos, donas, carros de passantes.
Você se escondeu aqui.
Nesse beco escuro.
Gritando.
Pedindo.
Chorando por socorro.

Mas calma.

Hoje você viu um ponto de cor.
Alguém veio e te deu um prato de comida, um afago na cabeça e um carinho no corpo.
Foi apenas uma mão colorida.
Mas nela, você lembrou que sim, é possível ver tudo colorido de novo.

Você come o prato.
Levanta.
Se firma sobre as suas quatro patas.
Sai do beco escuro e úmido onde você havia se escondido.
Olha a rua.
Vê os carros passando.
E corre.
Mas dessa vez, corre, não pra tentar deixar algo pra trás.
Hoje você corre, só pra queimar as energias.
Com um brilho no olhar e um latido rouco como uma risada por lhe encher os ouvidos.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

José e seus Desabafos Insanos.

Sabe o que me veio na cabeça hoje?
Os seus olhos.
Comos eles estavam brilhando no dia em que tudo começou.
Aquele sorriso no canto da tua boca que eu aprendi a tanto amar.

É Alice, é.
Na frase: Escolher entre o certo e conhecido ou o incerto e desconhecido, você optou pelo desconhecido.
Hoje eu entendo a sua decisão.
Pois que assim seja, já dizia o velho ditado não é mesmo?

Pois é Alice, pois é.
Não vou negar.
Eu sinto a sua falta.
Já disse e torno a falar.
Você me marcou demais.
Mas tudo bem.
Hoje está muito mais suportável que meses atrás.
Não sinto mais a dor.
Nem o vazio.
Só uma falta.
Dos momentos em que fomos felizes saca?

Você foi feliz?
É sério.
Essa é uma pergunta que eu tenho vontade de te fazer.
Só pra matar a minha curiosidade.

Juro, não sei porque estou escrevendo isso hoje.
Acho que foi porque eu vi alguma menina parecida com você.
Ou porque eu tenha achado mais uma pinta em meu corpo.
Você tinha tantas delas.
A que eu mais gostava era aquela logo abaixo do olho, bem pertinho do nariz.
Bem clarinha.
Sei lá.
Deve ter sido um desses motivos aí, ou coisa que o valha.

Acho que o Tucuruvi me traz memórias demais.
Por quantas vezes eu não fiquei aqui te esperando?
Por vários motivos.
Tanto no fim, quanto no começo.
Eu parava aqui, comprava uma barra de diamante negro e levava pra você no trampo.
Eu sentei nesses bancos para conversarmos sobre o fim.

É Alice, é.
Queria ter podido dizer que foi fácil.
Mas não posso.
Todos sabem que não posso dizer isso.
Eu mudei nesse tempo.
Me afundei e me ergui.
Mais vezes do que eu gostaria de ter feito.

Olá Alice, olá.

Sério mesmo.
Acho que já disse isso, mas acho engraçado quando você aparece pra mim.
Não sei porque.
Mas as últimas palavras que você me disse, não saem da minha cabeça.
Elas chegaram a serem irônicas sabia?
Cheio de um sarcasmo cruel saca?

Confesso que sou um cara difícil de entender.
Mas quando se entende, eu chego a ser até previsível.
Mas você?
Meu deus, ou eu fui burro ou você não se deixou ser entendida.
Eu não conseguia acertar uma saca?
É, foi frustrante.

Hey José.
Seu filho de uma puta manca.
É você que me faz dizer tudo isso não é?
É.
José e seu corvo.
RIAIRIARIA

Pois é José, pois é.
Isso foi só um desabafo.
Como já foi dito aqui.
Oi Alice, Tchau Alice.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Um curto conto sobre um dia comum.

Acordo.
Sinto o corpo meio dormente por causa da bebida.
Abro primeiro o olho direito, depois o esquerdo.
Não sei por quê tenho essa mania de abrir um olho depois o outro.

Olho para baixo e descubro o porque do corpo dormente.
Uma garrafa de Jack Daniel's e outra de José Cuervo.

É, tá certo, não bebi isso tudo sozinho.
Mas a, vamos colocar o nome dela de Ana.
Então, a Ana, bebeu UM POUCO, porque se ela tentasse entornar minhas garrafas, eu quebraria os dentes dela.
Transamos.
Claro, era uma boa foda.
Sempre foi.
Cheio de arranhões, cuspes, tapas.
Eu sempre gostei disso.
O melhor.
Depois de acabar, ela simplesmente coloca a calcinha, se arruma e vai embora.
Nada de Eu Te Amo.

Levanto.
Vou abrir o chuveiro e dar um trago enquanto o chuveiro esquenta.
Apartamentos no Centro são meio complicados no quesito luxo.
Essa porra demora pra esquentar.
Abro a janela e sinto o cheiro que vem da rua.
Uma mistura de mijo, fezes e maconha.
Olá República.
Acendo o cigarro e fico lembrando de como vim parar aqui.
Nesse lixo.
Não, eu não me droguei, nem me viciei em crack.
Não, eu não apostei tudo em jogos de azar e perdi até as pregas.
Isso também não.
Apenas me tiraram tudo o que eu lutei pra conseguir.
A vadia 1 fez isso.
Mas tudo bem.
Depois eu taquei o foda-se pra ela mesmo e vim pro Centro.

Cigarro acabou.
Entro no banheiro e me sinto numa sauna.
Água na temperatura ideal pra depenar um frango.
É assim que eu gosto.

Saio.
Me enxugo.
Vou até o bar, pego a Stock e fico brincando de colocar fogo nela.
Curaçau.
Só pra começar o dia.
O dia sempre termina na Tequila mesmo.

Desco as escadas.
Prédio filho da puta.
Elevador quebrado desde que eu cheguei aqui.
Moro no 7 andar.
Sou fumante.
Demoro umas 2 horas pra descer e umas 4 pra subir.

Saio pra rua e respiro de novo, profundamente.
Realmente, o cheiro de mijo, fezes e de gente fedida é algo que impregna.

Começo a andar, sentido Santa Efigênia.
Pensando no que estou fazendo.
Lembro que eu trabalho lá.
É.
Eu trabalho.
Tenho que pagar meus porres não?

Entro na loja.
A Aline me olha com uma cara feia.
A não, essa é a cara dela mesmo.
Me entrega o papelãozinho.
Vou pra porta da galeria.
E grito na orelha dos passantes:

-CD, DVD, Jogos de Xbox, Ps2, Programas de Computador!
Vai um aí chefia?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

4 Textos sobre Pôneis e Arco-Íris de um Ponto de Vista Distorcido

1 - O Espelho Trincado e o Veneno Escorrido

Hey você.
Olhe para frente.
Olhe para o espelho trincado.
Você está vendo o sangue que escorre de teu rosto?
O gosto amargo e forte de sangue que enche a tua boca?
Está vendo?
Está sentindo?
Agora, uma palavra:
Sorria.
Você finalmente deixou o sangue escorrer até sair todo o veneno.

2 - O Corredor Cansado

No sangue regado à alcool.
Num sorriso aberto no canto da boca.
As imagens, turvas, correndo na sua frente.
Correndo.
Turvo.
Embaçado.
Era assim que você vivia.
Assim que você se sentia.
Correndo de tudo e de todos.
Correndo das borboletas.
Correndo de você mesmo.
Agora, sorria.
Abra a boca e solte a sua gargalhada falhada.
Aquela que faz você perder o ar enquanto ri.
Porque hoje você merece.
Você cansou de correr.
E já não espera há muito tempo.
Hoje, você aprendeu a caminhar.
A observar
E a viver.

3 - A Última Conversa no Meu Inferno Particular

Jeckyll: Hey Hyde, você está aí?
Hyde: Sim, estou aqui. O que você quer?
Jeckyll: Você não acha que está tudo muito silencioso por aqui?
Hyde para um segundo para escutar o ambiente ao seu redor e responde: Realmente Jeckyll, está tudo muito quieto. Cade os soluços, o barulho de um nariz fungando e o som da mão passando por sobre os olhos para limpar as lágrimas? Não era esses os barulhos que ELE fazia sempre?
Jeckyll: Pois é. Faz tempo que eu não ouço esses barulhos. Até achei que tudo tinha acabado.

De repente A Voz vem de cima. Não dos lados, muito menos abaixo de Hyde e Jeckyll, como sempre fazia.
Primeiro com um riso rouco, depois veio a famosa gargalhada falhada.
Por fim, ELE fala:
-Não seus tolos. Eu não me matei. Apenas parei pra pensar num jeito de sair daqui.
E vejam, eu estou saindo daqui com as minhas próprias forças.

Nisso, o buraco onde os três se escondiam fica claro, tão claro quanto um dia de verão com céu limpo.
ELE olha para baixo e fala, o que seria a última frase trocada entre os três:
-Estou saindo daqui de baixo e deixando vocês aqui. Adeus Sombras.

4 - O Retorno ao Kansas e a Saída do Olho do Furacão

Pois é furacão, pois é.
Você se dissipou.
O Homem de Lata conseguiu sair de dentro do olho do furacão e pisar em terra firme.
Ele não depende mais do mago.
Nem da Dorothy.
Muito menos de outro coração.
Ele achou seu próprio coração
Vermelho.
Pulsante.
Saudável.
O homem de lata coloca a mão por sobre o peito.
Sente o coração bater.
E sorri.
O primeiro sorriso de muitos que ainda virão.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Tchau Alice, Tchau

Oi Alice.
É, você veio olhar.
É, você veio descobrir o que faço.
O que tenho feito.
Quem eu tenho conhecido.

Veio ver se eu ainda me afundo.
Veio ver se eu ainda estou lá, te esperando.
Não se engane Alice.
Eu cansei de correr atrás da Fantasia há muito tempo.

A bolsa de lágrimas que existe em meus olhos secou há tempos.
Então esqueça.
Você não as verá mais aqui.
Não escorrendo nestes olhos.

Tudo bem, posso estar mentindo.
As bolsas não secaram.
Elas só entenderam que por você não vale mais a pena derramá-las.
Só isso.

Olá Alice.
Mais uma vez você por aqui.
O que será que você viu?
O que será que te fez vir aqui?

Olá Alice.
Tchau Alice.
Olá dores.
Tchau dores.

Lembra do canivete sem cabo?
Lembra da falta do coração do Homem de Lata?
Sabe aquele amor todo que eu dei e que, simplesmente, jogaram fora?

Pois é.
É complicado quando você vê tudo isso acontecer.
Mas voltando.

Sabe o canivete?
Então.
Eu aprendi a colocar o cabo nele.
Saca?
Não mais me ferir?
É bem isso.

A falta de coração do Homem de Lata?
Huum.
É, esse é um problema um pouco mais difícil de se resolver.
E nem sei se quero resolve-lo agora.
Por enquanto, o vazio que assola o Homem de Lata é favorável.

Agora, o amor dado?
Esse, é que nem tapa na cara e uma palavra mal-dita.
Não voltam atrás.
Saca?
Você dá e depois não tem como recorrer.
Não tem como extornar.
Saca?
Simplesmente foi embora.

Simplesmente foi embora.
Assim como eu.
Fui embora.
Virei as costas pra isso tudo.
Tchau Alice, tchau.