terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Oz de Fel

E parece que a gente nunca sai do olho do furacão.
E parece que o furacão nunca sai do Kansas.
Parece que o eco sempre estará aqui.
Parece que o vazio sempre permanecerá.

Sinto aquele velho abraço conhecido.
Sinto aquelas velhas sombras se aproximando.
Sinto o efeito do subterrâneo.
Sinto a umidade do ar nesse buraco.

"Ora, ora meu caro caríssimo!" - diz ele com seu sorriso torto, zombeteiro, enquanto olha a minha cara de criança perdida.
"Veja querido Hyde, olha quem apareceu aqui!" - diz o outro 'ele' com seu olhar cínico, sua fala clara, mas repleta de sarcásmo.

Sim, eles estão sempre aqui.
Sim, eles nunca saíram daqui.
Sim, eu os mantenho sempre por perto.

E, dentro do meu buraco, dentro do olho do furacão, dentro de cada partícula escura, fria e praticamente sem vida, eu me resguardo, eu me enlaço, eu me escondo.

Me escondo dos meus erros.
Me escondo das minhas loucuras.
Me escondo dos meus medos.
Me escondo de você.

terça-feira, 18 de março de 2014

Parabéns pra você, nesta data querida... Dessa vez, no dia certo

Fazem 3 anos desde a última vez que eu te desejei Feliz Aniversário.
Fazem 3 anos desde a última vez que eu te abracei e disse Parabéns.
Fazem 3 anos que comemoramos você ficando mais adulta, para não dizer velhinha.

E hoje, após 3 anos, eu posso te abraçar, posso sorrir e dizer Parabéns!
Parabéns pelos 21 anos.
Parabéns pelos anos vividos.
Parabéns por mais um ano vencido.

Obrigado por me permitir passar com você.
Ou tão perto quanto possível.

Tudo isso, ou só isso, só pra dizer.
Feliz Aniversário.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Essa música me diz tanto que nem sei como não tem meu nome( Ou Algo que o Valha)


"Já tive que ir a missa obrigado, já tentei ser um homem casado
Já aprendi a fingir meu sorriso, já fui sincero e já tive juízo
Já troquei de lugar minha cama, já fiz comédia, eu já fiz drama
Já ouvi cada voz que me chama, eu já fui bom e já tive má fama

Já fui ético, antipático, fui poético, fui fanático
Fui apático, fui metódico, sem vergonha, fui caótico
Eu já li Paulo Coelho, eu já escutei tudo que era conselho
Eu já preguei o evangelho, cheguei a achar que eu era velho

Já fiz tanta coisa que nem me lembro do que eu era contra ou fui a favor
O que me dava prazer, hoje só me dá dor
Nunca aprendi o que é o amor

E ouvi uma voz, que diz: "não há razão"
Você sempre mudando já, não muda mais
E já que estou cada vez mais igual
Não sei o que fazer comigo

Já chorei de tanta mágoa, já fiz tempestade em copo d'água
Já tentei a sorte na gringa, já aprendi que não tenho ginga
Eu já votei em tucano, já fui ovo lacto vegetariano
Insano, já fui santo e profano
Fiz na sua frente e por baixo dos pano

Já estudei teologia e não creio mais naquilo em que cria
Já sofri de claustrofobia, de teimosia e cleptomania
Já provei, já fumei, já tomei, já deixei, assinei, viajei, já peguei
Já sofri, já iludi, já fugi, já assumi, fui e voltei, afirmei e menti

E com toda essa falsidade, minhas mentiras já são verdades
Já tive de tudo o que queria, e já me contentei com mixaria

E ouvi uma voz, que diz: "não há razão"
Você sempre mudando já, não muda mais
E já que estou cada vez mais igual
Não sei o que fazer comigo

Já fui em cana, já tive grana, passei rasteira em muito bacana
Opinei e me equivoquei, nunca assumi pra ninguém que errei
Sem diploma, nem salário, já fui sócio majoritário
Já escrevi tanto nome no braço, eu já preenchi tudo que era espaço

Fui psicólogo, fui astrólogo, já fui leigo, fui enólogo
Fui alcoólatra, fui atleta, fui obeso e já fiz dieta
Já cuspi e mandei pro caralho, o lugar onde hoje eu trabalho
E agora eu só me distraio fazendo versão de rock uruguaio

E ouvi uma voz, que diz: "não há razão"
Você sempre mudando já, não muda mais
E já que estou cada vez mais igual
Não sei o que fazer comigo

E ouvi uma voz, que diz: "não há razão"
Você sempre mudando já, não muda mais
E já que estou cada vez mais igual
Não sei o que fazer comigo"

Não Sei O Que Fazer Comigo - Vespas Mandarinas

quarta-feira, 5 de março de 2014

Carnaval

Um coração de lata pode machucar tanto outro alguém?
Um coração de lata pode ser tão frio ao ponto de ser indiferente?
Um coração de lata pode ser tão duro ao ponto não se ferir?

Não, dessa última, eu posso dizer com certeza que não é verdade.
Ele dói.
Ele machuca.
Ele sofre.

Ouvir você feliz machuca.
Mas ao mesmo tempo é bom.
Saber que você não sofre pela falta é ruim.
Mas ao mesmo tempo, é bom.

Caulfield correu.
Caulfield se ergueu.
Caulfield pulou o Carnaval com abadá e tudo.
Caulfield está feliz.

E eu?
Eu estou aqui.
De onde nunca saí.
De onde nunca sairei.
E isso.
Isso dói.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

O Homem de Lata Volta à Oz ( De novo... )

Sabe o que é mais engraçado de voltar pra cá?
Ver que nada mudou.
O machado continua fincado na árvore.
O ferreiro continua trabalhando.

O Mago continua em seu castelo, isolado do mundo.
Os macacos continuam a servir algum babaca por aí.

E o Homem de Lata continua andando por seus tijolos amarelos.
Por sua estrada amarela.
Na sua vida amarela.

O Homem de Lata, com o tempo, aprendeu a resguardar parte do seu coração.
Por isso, hoje não dói tanto ter que dividi-lo.
Por isso, hoje não dói tanto ter deixado uma parte dele pra trás.
Afinal, foi só uma parte.

O Homem de Lata caminha ao lado de Dorothy hoje em dia.
Dorothy brinca falando que se perdeu naquela época que eu falei que ela fugiu.
Tudo bobagem dela.
Ela finge que fala e eu finjo que acredito.

O Espantalho ri da minha cara.
Ele acha que ao invés de coração, eu não tenho cérebro.
Pode até ser verdade.

O Homem de Lata só sabe de uma coisa.
Dorothy voltou.
E é isso que importa...

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Era uma vez uma máquina... Parte 9

- ...!!
Um zumbido...
É tudo o que eu escuto.

- RUDLOFF!! Seu cretino, me responde!

Ah, agora eu ouvi. Esse que está gritando? É o Robert...
Lembram do estranho que me parou na mesa de um café?
Pois é, ele hoje é meu chefe.
Depois de vários empregos degradantes, eu finalmente me encaixo em algo.

Mas meu caro caríssimo!
Olha eu divagando.
Em minha correria, as páginas dessa história ficaram paradas.
Desculpem-me se o interesse de vocês sobre isso sumiu.
Mas agora estou aqui, sentado em minha máquina, enquanto aquele safado do Robert grita em minha janela.

Estávamos no final da década de 70, começo dos anos 80.
A Alemanha continuava dividida, um lado Capitalista outro lado Socialista.
Um lado você paga pra mijar, outro lado você mija no dinheiro, mija quando deixam você mijar claro.
Particularmente, eu prefiro o lado que eu pago. Pelo menos eu posso mijar quando, onde e na cabeça de quem eu quiser.

- RUDLOFF! Seu merda, abre logo essa porra dessa porta!

Robert não parava de gritar. Era nossa noite de beber.
Minha noite de pagar.
Odeio pagar bebida pra ele. Ele sempre cai primeiro.

-Entra logo Robert! Abre essa merda e entra.

Nós nos tornamos muito próximos nesses anos.
Ele me ensinou o que eu precisava.
Ele me deu um emprego decente.
E eu?
Eu ensinei ele a beber.
E a brincar de golfe com a minha prótese...Enquanto eu pulava atrás dele chamando a mãe dele de puta do Hittler.
Aí ele parava e arremessava a prótese em mim.
Era sempre assim que as nossas noites acabavam.
Hoje com certeza acabará assim.

Calma meu caro.
Eu prometo que tentarei voltar sóbrio o bastante para terminar a nossa história.
Essas páginas não ficarão mais em branco.
Até breve, meu caro caríssimo.

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Oi gente.
É, eu realmente abandonei isso aqui.
Mas pretendo voltar.
Se alguém tá vendo isso aqui pela primeira vez, não se assuste.
Os primeiros posts estão abaixo.

Era uma vez uma máquina... Parte 1
Era uma vez uma máquina... Parte 2
Era uma vez uma máquina... Parte 3
Era uma vez uma máquina... Parte 4
Era uma vez uma máquina... Parte 5
Era uma vez uma máquina... Parte 6
Era uma vez uma máquina... Parte 7
Era uma vez uma máquina... Parte 8

Sei que a história está meio desconexa, mas é complicado recomeçar uma história depois de anos.
Mas tentarei voltar a ser fiel a história original.
Eu prometo.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A Correria de Caulfield

E perguntaram a Hyde, sim é ele que está no controle dessa vez, se estava tudo bem, pq ele estava tão quieto.
E ele, com seu sorriso torto, responde que sim, tudo tranquilo.
Foi só uma semana cansativa diz ele - pensa Jeckyll enquanto vê seu outro mentir mais uma vez.
Na verdade, Jeckyll está jogado de novo no fundo do poço.
Arrancaram seu Tijolo Amarelo.
Levaram Caulfield pra longe. 
Enquanto Jeckyll caía no fundo do buraco que ele jurou nunca mais cair...

Hyde sorri, sorri amarelo, sorri prateado, igual a cor do Homem de Lata sem coração.
Sem coração.
É assim que se sente Jeckyll.
Culpa minha, culpa dele, culpa nossa! - diz Hyde com toda a fúria que ele consegue colocar na voz.

A baba voa, junto com a mão esmagadora dela, da conhecida amiga.. A dor...
A dor vem nos visitar nessas últimas noites.
A dor tem sido uma companheira para Jeckyll enquanto Hyde cumpre o seu papel.
Hyde tenta me segurar no topo enquanto Jeckyll senta no fundo.

E eu ? Eu sou apenas uma Voz.
Vendo de cima de tudo.
De dentro de tudo.
De dentro de mim.
Vejo o vermelho escorrer.
E eu odeio essa sensação.