sábado, 5 de fevereiro de 2011

Uma Carta do Buraco

Olá meu caro caríssimo.
Há quanto tempo eu não apareço por aqui?
Eu que sempre estive presente quando você precisava.
Eu que sempre estive aqui quando você me chamava.

Você usou e abusou de meus abraços.
Você usou e abusou de meus gritos.
Dos meus conselhos.
Dos meu sussurros ao pé do ouvido.

Olá caro caríssimo.
Há quanto tempo você não vem me visitar?
Você que sempre vinha quando a barra apertava.
Você que sempre vinha quando precisava de um afago, ou um tapa, ou coisa que o valha.

Eu que sempre lhe amparei.
Eu que sempre estive aqui.
Pra te segurar.
Pra juntar teus cacos.

E enquanto você estava lá, dando murros em ponta de faca.
Se cortando com teus próprio punhais, eu estava aqui.
Trancado, mofando e sorrindo.
É, sorrindo.
Sorrindo ao ver a tua derrota.
Sorrindo ao ver a tua humilhação.
Sorrindo ao ver você se mutilar a cada vez que dava tudo errado.
Sorria.
Sorria, pois sabia que você viria.
Viria a mim.
E eu de braços abertos estaria aqui pra você.

Mas você saiu.
Saiu de meus braços.
Saiu de meus domínios.
Saiu de mim.
E eu?
Eu fiquei aqui.

Ass: Mr Hyde, o Louco

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