sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Enquanto isso, nos lustres do castelo...

Mais um dia.
Mais uma vida.
Mais um copo.
Mais um gole.
É mais ou menos assim que eu vejo a minha vida correr.

Monotonamente.
Repetidamente.
Incenssantemente.
Incansávelmente.
E altamente parada, chata, modorrenta ou qualquer outro sinônimo que você conseguir achar.

Abro os olhos e sento na cama.
Não na minha cama.
Hoje estou na cama dela.
Como eu vim parar aqui?
É simples.
Saímos ontem.
Na verdade, saímos para discutir.
Começamos a beber e nos alterar.
Ela me xingou.
Como sempre.
Entre um cigarro e outro, um gole de cerveja e outro, começaram os palavrões.
Lembro de te-la xingado de puta por ter dormido com meu amigo há uma semana atrás.
Claro, ela podia fazer o que bem entendesse.
Nós não estávamos juntos e foi bem isso que ela jogou na minha cara.
Isso doeu.
Doeu como o tapa que eu dei na cara dela.
E ela revidou esse tapa.
E quando fomos ver, estávamos nos agarrando.
Sim, no meio da rua.
Rua Augusta.
Sabe como é.
Depois disso, só lembro dos pinos usados e da cama dela.

Olho pra ela.
Olho pra mim.
Dois seres acabados.
Dois seres se encaminhando para o fim das suas respectivas vidas.
Sem amor.
Sem dinheiro.
Sem nada.
Nem um ao outro nós temos.

Levanto.
Me arrumo.
Abro a porta do apartamento.
E saio.
Sem bilhetes.
Sem recados.
Sem olhar pra trás.
Apenas saio.

2 comentários:

  1. Cara, definitivamente a melhor coisa que eu já li aqui. Tão aberto, escancarado, gritando em vermelho-sangue de vergonha, doloroso, melancólico e muito foda. Voce escreve para caralho, e nós merecemos dias e noites bem melhores!

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  2. "Nem um ao outro nós temos."
    Acho que foi essa frase que consagrou tudo!

    Texto incrível. Triste, mas incrível!

    Beijo :*

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