quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Um curto conto sobre um dia comum.

Acordo.
Sinto o corpo meio dormente por causa da bebida.
Abro primeiro o olho direito, depois o esquerdo.
Não sei por quê tenho essa mania de abrir um olho depois o outro.

Olho para baixo e descubro o porque do corpo dormente.
Uma garrafa de Jack Daniel's e outra de José Cuervo.

É, tá certo, não bebi isso tudo sozinho.
Mas a, vamos colocar o nome dela de Ana.
Então, a Ana, bebeu UM POUCO, porque se ela tentasse entornar minhas garrafas, eu quebraria os dentes dela.
Transamos.
Claro, era uma boa foda.
Sempre foi.
Cheio de arranhões, cuspes, tapas.
Eu sempre gostei disso.
O melhor.
Depois de acabar, ela simplesmente coloca a calcinha, se arruma e vai embora.
Nada de Eu Te Amo.

Levanto.
Vou abrir o chuveiro e dar um trago enquanto o chuveiro esquenta.
Apartamentos no Centro são meio complicados no quesito luxo.
Essa porra demora pra esquentar.
Abro a janela e sinto o cheiro que vem da rua.
Uma mistura de mijo, fezes e maconha.
Olá República.
Acendo o cigarro e fico lembrando de como vim parar aqui.
Nesse lixo.
Não, eu não me droguei, nem me viciei em crack.
Não, eu não apostei tudo em jogos de azar e perdi até as pregas.
Isso também não.
Apenas me tiraram tudo o que eu lutei pra conseguir.
A vadia 1 fez isso.
Mas tudo bem.
Depois eu taquei o foda-se pra ela mesmo e vim pro Centro.

Cigarro acabou.
Entro no banheiro e me sinto numa sauna.
Água na temperatura ideal pra depenar um frango.
É assim que eu gosto.

Saio.
Me enxugo.
Vou até o bar, pego a Stock e fico brincando de colocar fogo nela.
Curaçau.
Só pra começar o dia.
O dia sempre termina na Tequila mesmo.

Desco as escadas.
Prédio filho da puta.
Elevador quebrado desde que eu cheguei aqui.
Moro no 7 andar.
Sou fumante.
Demoro umas 2 horas pra descer e umas 4 pra subir.

Saio pra rua e respiro de novo, profundamente.
Realmente, o cheiro de mijo, fezes e de gente fedida é algo que impregna.

Começo a andar, sentido Santa Efigênia.
Pensando no que estou fazendo.
Lembro que eu trabalho lá.
É.
Eu trabalho.
Tenho que pagar meus porres não?

Entro na loja.
A Aline me olha com uma cara feia.
A não, essa é a cara dela mesmo.
Me entrega o papelãozinho.
Vou pra porta da galeria.
E grito na orelha dos passantes:

-CD, DVD, Jogos de Xbox, Ps2, Programas de Computador!
Vai um aí chefia?

3 comentários:

  1. Eu não esperava esse fim. Talvez algo nesse sentido, mas me surpreendeu.
    Gostei muito!

    Como disse, não é o "Memórias..." haha', mas eu gostei sim. Muito bom!
    Beijão =*

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  2. Cada vez gosto mais do jeito como vc escreve,direto e sem frescura.

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