quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Bem Vindo ao Meu Inferno Particular.

Bem vindo ao meu inferno particular.
É, eu tenho um.
Mesmo que eu não acredite num inferno nem num céu.
Meu inferno particular é diferente.
Ele não é vermelho.
Não é cheio de fogo.
Não tem um cara de chifres segurando um tridente, dando risadas maléficas, enquanto espeta a bunda dos pecadores.

Meu inferno particular é escuro.
Úmido.
Lembra uma caverna que precede um lago subterrâneo.
Saca?
E nele não tem um cara de chifres.
Tem duas sombras.
Duas sombras complemante opostas em suas essência.
Uma delas é mais calma, mais pensativa, mas mais insegura.
A outra é mais agitada, mais impulsiva, mais segura, porém, manipuladora e com uma essência, não má, mas que beira a loucura e insanidade que enriquecem a maldade.

Essas sombras hoje se encontram trancadas no meu inferno particular.
Tranquei-as lá.
Assim como Minos trancou Dédalo em seu próprio Labirinto.
Elas estão lá, trancadas, mas isso não as impede de conversarem e nem me impede de ouvir o que elas falam tão próximas ao meu ouvido...

Jeckyll: Hey, Hyde.
Hyde: Fala Jeckyll...
Jeckyll: Hyde, é tão estranho ficarmos só nós dois aqui. Fica tudo muito silencioso.
Hyde: Eu sei Jeckyll, eu sei.Mas eu não consigo fazer nada.
Jeckyll: Como não?! Você não consegue forçá-lo à descer aqui? Você tão forte, manipulador não consegue convencê-lo?
Hyde: Já te disse que não Jeckyll!! Nem na época que ele era fraco eu tinha tanta força sobre ele, imagina hoje que ele está lá em cima, forte, com uma mão que o segura? Impossível.
Jeckyll: Antes era tão mais fácil. ELE se entregava tão fácil.
Hyde: Pois é meu caro, pois é.

Pois é meus caros, pois é.
Essa é a conversa que eu escuto cada vez que eu coloco o ouvido na porta do buraco.
É, eu faço isso às vezes.
Só pra saber se eles estão lá.
Eu preciso deles lá.
Entendam.
LÁ.
Um dia, se eu precisar, sei que poderei contar com as sombras e o meu inferno particular.
Hoje eu não preciso, não quero e o repudio.
Mas, um dia, quem sabe, caminharei por sobre aquele chão cavernoso e úmido.
Procurarei as sombras.
Abraçarei Hyde e ele irá me segurar, pois sempre foi assim.
Mas hoje, hoje eu seguro na mão.
Na pequena mão que agarra a minha com tanta força.
E sorrio.
Desencosto o ouvido do buraco e o esqueço.

4 comentários:

  1. Perfeito, como sempre

    Te AMO (L)

    @mih__bieber

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  2. E que, por enquanto, não olhe pra trás!


    Muito foda esse texto!

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  3. Infernos pessoais sempre vão estar la, perto de nós, mas podemos nos dar ao direito de esquece-los por tempos.

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