segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Uma Sessão de Terapia no Buraco

Pois é.
Olha eu descendo aqui, nesse buraco úmido de novo.
Só pra poder ter uma conversa com dois seres que fazem parte de mim.

-HYDE! JECKYLL! APAREÇAM! - Grito, pois não ouço eles, não os vejo. Faz tempo que não apareço por aqui, meus olhos estavam desacostumados com a escuridão, meus ouvidos, já habituados com o constante caos, se esqueceram como é ouvir o som do próprio silêncio.

-Ora, ora, ora. Olha quem aparece por aqui, querido Jeckyll. - ouço essa voz debochada, rouca, de Hyde. Sei que ele está com um sorriso torto no canto da boca.
-Olha se não é a velha Voz. O velho machucado abriu é? - disse Jeckyll já se aproximando, procurando sinais de cortes recentes.
-Pois é senhores. Vim aqui, procurar vocês por causa de velhas cicatrizes. Preciso de uma direção. - disse, já me aconchegando nos braços abertos de Hyde.

E é aqui que eu me encontro.
Sentado, nesse chão sujo, abraçado à sombra que me segurava aqui, apenas por que eu precisava de algo pra me segurar agora. Juntar meus próprios pedaços.
Vim aqui, basicamente para uma sessão de Terapia.
Preciso de conselhos, preciso sangrar e sei que aqui, eu posso fazer isso.
Sangrar.

Se cuida...Te amo...
Não lembro onde foi que eu ouvi ou li isso...
Mas eu achei bonito.
E triste...
A frase toda, na verdade, fala +/- assim:
É horrível quando você fala pra alguém: Se cuida, quando na verdade, você queria dizer, Te amo.
É sério, achei bonito.

Hyde fala que eu estou encurralado. Na verdade, o coelho albino me falou isso e Hyde concorda.
Jeckyll cutuca nas marcas. Ele quer saber se elas vão sangrar se forem cutucadas.
Ele sabe que eu vou tentar cutucar, ele só quer saber se os pontos estarão fortes para não voltarem a sangrar.

É, essa foi a sessão meu caro caríssimo.
Hora de voltar pra superfície.
De voltar pro topo.
Tampar esse buraco.
Mas não o trancarei dessa vez.
Pode ser que eu precise dele de novo, mais cedo do que eu esperava.

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