quinta-feira, 12 de abril de 2012

O Retorno do Homem de Lata à Oz

As peças de puro alúminio refletem a luz do sol.
Os pés, duros e metálicos, batem nos tijolos amarelos abaixo dele.
Os olhos olham o horizonte.
Em busca do Furacão.
Dos macacos voadores.
De Dorothy e seus desejos.

Mas não vê nada.
E sorri.

Entra na floresta onde outrora ele jazia enferrujando.
Passa pelo machado que havia largado lá.
Passa pelo ferreiro que havia contruído-o.
As ferramentas estão jogadas no canto.
A forja abandonada.

Ao longe, ele vê as duas bruxas.
Ao longe, ele vê o castelo do Mago.
Alto, imponente e subjulgando a todos.

Ele apenas vira as costas e continua a sua caminhada pelos tijolos amarelos.

Os tijolos amarelos de Oz tem uma história.
A sua história.
Cada quadrado, cada pedaço de sua estrada.
Conta uma história.
Uma lembrança.
E, com suas pesadas passadas, o Homem de Lata vai deixando elas para trás.

Por muito tempo Ele vagou por essas terras.
Buscando abrigo.
Buscando um caminho.
Buscando um rumo.
Achou uma trilha.
Seguiu por ela.
Por muito tempo.

No começo essa trilha era plana.
Parecia uma incrível estrada asfaltada.
Lisa, sem buracos, sem desvios.
Porém, lá na frente, os buracos apareceram.
As curvas sinuosas surgiram.
As subidas íngremes foram surgindo.
Uma atrás da outra.
Uma mais difícil de subir.
As engrenagens do Homem de Lata começaram a cansar.
A parar.

O Homem de Lata, vendo que poderia repetir toda a cansativa atividade de desgaste das engrenagens, se deixou escorregar, para o começo.
E voltou a andar sobre tijolos.
Mas andou pouco.
E desceu pouco.

Uma nova estrada surgiu em sua frente.
E agora ele segue por ela.
Apenas indo.
Sem esperar.
Sem contar.
Só andando.
Um passo metálico após um passo metálico.

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