quinta-feira, 30 de junho de 2011

Um Pesadelo

Abro os olhos.
Me vejo naquele mesmo quarto escuro.
Vazio.
Fedido.
E lotado de garrafas vazias.

Olho os braços.
Aquelas mesmas marcas.
Mesmos cortes.
Mesmas cicatrizes.

Olho no espelho.
Sim, sempre um espelho.
Vejo o reflexo do que já foi algo.
Alguém.

Sinto a dor.
Velha e conhecida dor.
Dor no peito.
Na cabeça.
No coração.

Vejo o vazio do quarto.
Vazio da cama.
Vazio do homem refletido.

Fecho os olhos.
Tento esquecer.
Tento apagar.

Abro os olhos.
Suor escorrendo na testa.
Ufa, foi um pesadelo.

Olho ao redor.
Quarto diferente.
Mais claro.
Mais cheio de vida.

Olho para o lado.
Vejo você deitada.
As costas nuas após uma noite de amor.
Seu cabelo loiro esparramado pelo travesseiro.
Meu travesseiro.

Olho para baixo.
As cicatrizes estão lá ainda.
Mas menos visíveis.
Quase apagadas.

Olho para o espelho.
Vejo o reflexo de algo que está se transformando.
Um Alguém novo.

Sinto algo.
Não é mais a dor.
É algo quente.
Algo que me move.
Para cima.
Sempre para cima.

Num dia, após tantos pesadelos.
Eu encontrei você.
Um sonho em meio ao caos.
O caos que era meu único amigo.
O caos que me acompanhava.

Um comentário: